São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995 |
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Necessário, mas insuficiente Há muito a comemorar na mudança cambial. Ela abre perspectivas novas para o Plano Real. Uma avaliação puramente técnica revela que as autoridades monetárias aprenderam muito com os erros de março. A começar pelos aspectos comunicacionais. Naquela oportunidade o Banco Central anunciou a mudança pela manhã, quando os mercados mal começavam a operar. O que se seguiu ficou na história como um dos mais dramáticos episódios de ruído nos canais de informação entre o BC e o mercado. Desta vez o BC anunciou a mudança no dia anterior, encerradas as atividades dos mercados. Houve tempo para que toda a imprensa não apenas anunciasse a mudança como ouvisse e publicasse inúmeras opiniões especializadas. Quando os mercados abriram no dia seguinte a ``novidade" já estava meio digerida e era elogiada publicamente por dezenas de economistas de fora do governo. Outra inovação positiva foi a reforma do sistema de intervenção do BC nos mercados. Aumentou muito o número de instituições participantes nos leilões de câmbio, que foram informatizados, e criaram-se os leilões de ``spread", em que o BC atua simultaneamente na compra e na venda de divisas. O sistema, reforçado pela venda de títulos públicos cotados em dólares, ganhou a confiança do mercado. Entretanto é preciso alertar que há um motivo externo para a suavidade com que a banda cambial começa a deslizar. Trata-se da redução nos juros nos EUA. Em março, mal tinha passado o desconforto com a crise mexicana e os mercados emergentes pareciam fadados a uma crise crônica. Hoje há maior confiança na estabilidade e até declínio nos juros norte-americanos, fator de fundamental importância quando se trata de avaliar as chances dos programas de ``âncora cambial" na América Latina, nas suas várias formas. O deslizamento cambial tranquilo é uma etapa crucial da estabilização. Mas é preciso sublinhar também que o sucesso da política de bandas depende do sucesso da desindexação da economia. Desindexar o câmbio ajuda a desindexar o resto. É uma condição necessária, mas com certeza não é suficiente. Próximo Texto: Assim não Índice |
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