São Paulo, domingo, 25 de junho de 1995
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70% dos negros estão empregados, mas a metade ganha até R$ 200

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de trabalho e os bancos escolares estão perpetuando e ampliando o fosso sócio-econômico que separa negros e brancos.
A suposta democracia racial aparece no número de entrevistados do Datafolha que trabalham: 70% dos negros disseram que têm emprego, contra 66% de mulatos e 65% de brancos.
Um quarto dos negros tem carteira assinada, mais do que os 19% de brancos e mulatos. A cifra de negros que inicia o primeiro grau não é muito diferente da porcentagem de brancos.
A realidade aparece no contracheque de pagamento. Dos 606 negros entrevistados, apenas 42 tinham renda familiar superior a 20 salários mínimos, ou R$ 2.000,00 por mês. Corresponde a 7% do total de negros, percentagem que passa para 10% entre os mulatos e 17% entre os brancos.
Quase 70% dos negros e mulatos estão na base da pirâmide onde a renda familiar fica abaixo de dez salários mínimos, ou R$ 1.000,00 por mês. Metade dos negros que trabalha ganha até R$ 200,00.
Apenas 24 dos 606 negros entrevistados chegaram à faculdade. Entre os mulatos, apenas 6% passaram por um vestibular.
Ao ficar fora da escola, o negro compromete o seu futuro no mercado de trabalho. Para Carlos Hasenbalg, 52, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, eles não estão conseguindo manter o padrão de vida que seus pais tinham conseguido.

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