São Paulo, domingo, 25 de junho de 1995
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Negros de sucesso contam como é ser `único'

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Responda rápido: você conhece um ginecologista negro? A Folha fez essa pergunta a um assessor do Hospital das Clínicas e ele disse que, em 11 anos de trabalho no maior hospital da América Latina, nunca havia visto um médico -de qualquer especialidade- negro. Um dia depois, ele se lembrou que entre os 1.200 médicos do quadro do HC há um anestesista negro.
Você conhece um juiz negro? O espanto da assessora do Tribunal de Justiça de São Paulo diante da pergunta não foi menor que do assessor do HC: ``Ih, acho que não tem!" Depois de algumas horas de pesquisa e consultas, ela descobriu que tem, pelo menos um, no 1º Tribunal do Júri.
Nesta página e na do lado, a Folha conta as histórias de oito pessoas que formam uma espécie de anomalia estatística, a dos negros que conseguiram ser bem-sucedidos em profissões e carreiras que, no Brasil, são exercidas quase que exclusivamente por brancos.
Por conta do preconceito e das dificuldades herdadas com a cor da pele, todos os oito personagens destas duas páginas exibem uma mesma característica: em algum momento de suas vidas se viram na situação de únicos: único negro da turma, único negro na empresa, único negro no topo da carreira...
A maneira como lidaram com essa especificidade varia, como mostra o Datafolha. Quase todos rejeitam assegurar vagas no mercado de trabalho através de um sistema de cotas -e acreditam, talvez espelhados nos próprios exemplos, que o esforço pessoal é o caminho mais curto para o sucesso.

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