São Paulo, domingo, 25 de junho de 1995 |
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Xuxa dos anos 60 volta na Redevida
ARMANDO ANTENORE
No próximo dia 3, a emissora católica Redevida lança o programa ``Tempo de Viver", um dos poucos da televisão brasileira que elegeu como público-alvo os idosos. Quem vai comandá-lo é Meire Nogueira, 50, mulher de um juiz paulistano, mãe de dois ``marmanjos" e avó coruja de Caroline, ``uma menininha linda que nasceu nos Estados Unidos". Tivesse nascido em São Paulo há três décadas, Caroline provavelmente seria fã de ``Meire Meire Queridinha", infantil que a extinta TV Tupi exibiu entre 1964 e 1968 com estrondoso sucesso. ``Gosto de cavar novos espaços. Fiz o programa da Tupi numa época em que a televisão não dava tanta atenção às crianças. Retorno agora para acolher outra fatia de público que a mídia insiste em ignorar", afirma a apresentadora. ``Tempo de Viver" entrará no ar diariamente às 17h. Com duração de 60 minutos, terá entrevistas, números musicais e quadros sobre saúde, turismo e culinária. Discutirá, ainda, questões jurídicas comuns à terceira idade -como o recebimento de pensões e aposentadorias. Especialistas em estética darão dicas sobre cortes de cabelo e cuidados com a pele. A Redevida chega à cidade de São Paulo pelo canal 40 (UHF). Os proprietários de antenas parabólicas em todo o país e os assinantes da Net Brasil também podem sintonizar a emissora. Loira Comparar Meire Nogueira à modelo e apresentadora Xuxa Meneghel não é simples exercício de retórica. As semelhanças entre as duas começam pelos cabelos. Meire os tem quase tão loiros quanto Xuxa. ``Nasci morena em Onda Verde, cidadezinha do interior paulista. Mas cismei com meu rosto logo que ingressei na vida artística", conta. ``Um belo dia, tomei coragem e procurei um cabeleireiro. Entrei no salão de beleza às 8h da manhã e saí às 5h da tarde com os cabelos cor de gema. Foi em 1960. Nunca mais fiquei morena." Como Xuxa, Meire já gozava de fama quando aceitou comandar o programa da Tupi. Era uma das melhores garotas-propaganda da época. Muito bonita, chegou a protagonizar 200 comerciais por mês. Também tentara a carreira de modelo em São Paulo, desfilando para o Mappin e outras lojas de departamento. No auge do ``Meire Meire Queridinha", recebia 300 cartas de fãs por semana. ``Respondia uma a uma", jura. Quando se casou pela primeira vez, em setembro de 1965, atraiu centenas de curiosos à igreja paulistana de Nossa Senhora do Carmo. O noivo era o ator Carlos Zara. Entre os padrinhos, estava o radialista Randal Juliano. O cantor Agnaldo Rayol entôou a ave-maria. ``O padre ficou tão traumatizado com o tumulto", recorda Meire, ``que prometeu nunca mais celebrar casamentos de artista. `Gente famosa tem que casar no estádio do Pacaembu', resmungava." A Tupi transmitia o ``Meire Meire Queridinha" todas as tardes, das 17h às 18h. O formato lembrava o dos programas infantis atuais: desenhos animados, música e gincanas. Os cenários, no entanto, eram menos pomposos. ``E nossas roupas, bem mais comportadas. Parecíamos freiras em cena. Shortinhos, saias curtas ou decotes, nem pensar. Naquele tempo, precisávamos dar bom exemplo às crianças", esclarece Meire. Texto Anterior: DOIS "BONZINHOS" E UM VILÃO Próximo Texto: Pesquisas sobre novelas são redundantes Índice |
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