São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 1995
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Secretário culpa agentes penitenciários

ISNAR TELES
DA FOLHA VALE

O secretário de Estado da Justiça e da Administração Penitenciária, Belisário dos Santos Júnior, responsabilizou os agentes penitenciários pela rebelião de presos na Penitenciária 1, de Tremembé, que começou anteontem.
O secretário pediu abertura de inquérito e sindicância administrativa contra representantes do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Vale do Paraíba.
Eles são acusados de incitação a abandono coletivo de serviço.
Segundo o secretário, a greve dos agentes, que teve início anteontem, teria sido o ``estopim" da rebelião dos presos.
Desde 3h de sábado, 680 presos dominam a penitenciária. Até as 16h de ontem, eles se mantinham armados no pátio do presídio.
Em março, detentos da Penitenciária 1 fizeram a maior rebelião do Estado -que durou 94 horas e acabou com a morte de um preso.
Santos Júnior diz não considerar a tomada do presídio uma rebelião. ``A situação está sob controle."
Agentes penitenciários dizem que os presos fabricaram facas e estiletes com as grades de proteção e teriam controle total dos pavilhões 1 e 2, onde estão localizadas a enfermaria e a cozinha do presídio. Não há informações de reféns ou presos feridos. A PM isolou a área em volta da penitenciária e mantém em estado de alerta cerca de cem policiais nas muralhas, armados com metralhadoras e espingardas calibre 12.
Segundo o comandante da operação, tenente-coronel Gilberto de Carvalho, a PM aguarda ordens do comando, em São Paulo. Uma possível invasão foi descartada pelo comandante porque a direção da penitenciária estaria negociando a volta dos funcionários ao trabalho.
A direção do Sindicato dos Agentes Penitenciários, ligado à CUT (Central Única dos Trabalhadores), informou que só negociaria diretamente com o governo.
Os agentes querem mais segurança no trabalho e reajuste de 130% no piso da categoria, que é de R$ 190. O presidente do sindicato, Marcos Marcon, disse que o motim não foi causado pela greve.
``Tínhamos informações que os presos estavam planejando uma fuga em massa no fim-de-semana. Por razões de segurança, ninguém quis trabalhar." (Isnar Teles)

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