São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 1995
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Francês diz que Brasil pode perder reserva em satélite

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

O presidente do consórcio europeu Arianespace, Charles Bigot, afirmou em entrevista exclusiva a jornalistas brasileiros, que a Embratel pode perder seu direito de reserva para lançamento de mais um satélite Brasilsat em 1997.
Segundo Bigot, o contrato assinado em 1989 entre a Embratel e a Arianespace prevê lançamento de um terceiro satélite, além do Brasilsat B1 -lançado no ano passado- e do B2, que entrou em órbita neste ano.
Bigot disse que o governo brasileiro precisa tomar uma decisão rápida sobre a encomenda do terceiro satélite porque a Arianespace já está com 40 pedidos para lançamento em carteira.
Pelo contrato, o satélite seria fabricado pela Hughes, dos Estados Unidos, e lançado pela Arianespace a partir da base de Kouru, na Guiana Francesa.
``Os preços previstos para o lançamento dos satélites Brasilsat são muito favoráveis ao Brasil. Eu recomendo que a Embratel exerça sua opção de compra do terceiro satélite", afirmou Charles Bigot.
A diretoria comercial da Arianespace avalia que o Brasil precisará lançar pelo menos dois satélites até o ano 2000 para que seu mercado não seja ocupado por satélites internacionais como o Intelsat, Inmarsat, Panamsat, Orion e Columbia.
No ano passado, a direção da Embratel quis encomendar a compra de seu terceiro satélite. O Ministério das Comunicações chegou a dar autorização à empresa para fazer a encomenda, mas a Telebrás -à qual a estatal está vinculada- foi contra.
A questão está sendo reavaliada pelo governo atual, em função do interesse de grupos empresariais em lançar satélites privados.
Dois consórcios privados -Class e Localsat- já apresentaram projetos ao governo. O Class é formado pelos grupos Bradesco, Globo, Odebrecht, Monteiro Aranha, Victori e Matra francesa. Participam do Localsat os grupos Itamarati, Splice do Brasil e a alemã Daimler Benz.
O ministro Sérgio Motta (Comunicações) defende a união dos dois consórcios privados em um superconsórcio, com participação da Embratel, para lançamento de dois satélites.
Se não houver consenso entre os grupos privados, o governo deverá autorizar a Embratel a exercer sua opção de compra de mais um satélite.
A avaliação da Arianespace é de que haverá uma explosão do mercado de TV por assinatura no Brasil e que a procura por transponders (canais de satélite) para transmissão de TV será maior do que para a transmissão de dados e de telefonia.
Segundo a empresa, este fenômeno ocorreu na Europa. De 1986 a 1995, o número de canais de satélite destinados à TV por assinatura cresceu 100%.
Os europeus têm interesse não só em lançar satélites para o Brasil, mas também em participar como sócios em novos projetos, quando o mercado for aberto a investimentos privados.
A Aeroespatiale (indústria de aviões, satélites e equipamentos militares) quer participar do Localsat, com a Daimler Benz.
Gérard Leroy, responsável pela diretoria de marketing da divisão de satélites da Aeroespatiale, disse que a empresa está disposta a buscar financiamentos de investidores internacionais para viabilizar o projeto no Brasil.

A jornalista ELVIRA LOBATO viajou a Paris a convite da Arianespace

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