São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 1995 |
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Francês diz que Brasil pode perder reserva em satélite
ELVIRA LOBATO
Segundo Bigot, o contrato assinado em 1989 entre a Embratel e a Arianespace prevê lançamento de um terceiro satélite, além do Brasilsat B1 -lançado no ano passado- e do B2, que entrou em órbita neste ano. Bigot disse que o governo brasileiro precisa tomar uma decisão rápida sobre a encomenda do terceiro satélite porque a Arianespace já está com 40 pedidos para lançamento em carteira. Pelo contrato, o satélite seria fabricado pela Hughes, dos Estados Unidos, e lançado pela Arianespace a partir da base de Kouru, na Guiana Francesa. ``Os preços previstos para o lançamento dos satélites Brasilsat são muito favoráveis ao Brasil. Eu recomendo que a Embratel exerça sua opção de compra do terceiro satélite", afirmou Charles Bigot. A diretoria comercial da Arianespace avalia que o Brasil precisará lançar pelo menos dois satélites até o ano 2000 para que seu mercado não seja ocupado por satélites internacionais como o Intelsat, Inmarsat, Panamsat, Orion e Columbia. No ano passado, a direção da Embratel quis encomendar a compra de seu terceiro satélite. O Ministério das Comunicações chegou a dar autorização à empresa para fazer a encomenda, mas a Telebrás -à qual a estatal está vinculada- foi contra. A questão está sendo reavaliada pelo governo atual, em função do interesse de grupos empresariais em lançar satélites privados. Dois consórcios privados -Class e Localsat- já apresentaram projetos ao governo. O Class é formado pelos grupos Bradesco, Globo, Odebrecht, Monteiro Aranha, Victori e Matra francesa. Participam do Localsat os grupos Itamarati, Splice do Brasil e a alemã Daimler Benz. O ministro Sérgio Motta (Comunicações) defende a união dos dois consórcios privados em um superconsórcio, com participação da Embratel, para lançamento de dois satélites. Se não houver consenso entre os grupos privados, o governo deverá autorizar a Embratel a exercer sua opção de compra de mais um satélite. A avaliação da Arianespace é de que haverá uma explosão do mercado de TV por assinatura no Brasil e que a procura por transponders (canais de satélite) para transmissão de TV será maior do que para a transmissão de dados e de telefonia. Segundo a empresa, este fenômeno ocorreu na Europa. De 1986 a 1995, o número de canais de satélite destinados à TV por assinatura cresceu 100%. Os europeus têm interesse não só em lançar satélites para o Brasil, mas também em participar como sócios em novos projetos, quando o mercado for aberto a investimentos privados. A Aeroespatiale (indústria de aviões, satélites e equipamentos militares) quer participar do Localsat, com a Daimler Benz. Gérard Leroy, responsável pela diretoria de marketing da divisão de satélites da Aeroespatiale, disse que a empresa está disposta a buscar financiamentos de investidores internacionais para viabilizar o projeto no Brasil. A jornalista ELVIRA LOBATO viajou a Paris a convite da Arianespace Texto Anterior: Crônica da crise anunciada Próximo Texto: Empresa registra mais vendas a domicílio Índice |
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