São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 1995
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Consumidor europeu procura preço baixo

NELSON BLECHER
DO ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Pesquisas da Nielsen revelam que, desde 94, os consumidores europeus passaram a correr atrás de preços baixos, o que coloca em risco a fidelidade às marcas tradicionais. De creme dental a bebidas, de sabão em pó a alimentos, marcas próprias de varejistas vêm ganhando espaço nas prateleiras.
Antes, as pessoas pagavam até 40% mais por um produto de marca de prestígio. ``Agora, resta às empresas investir na inovação dos produtos para sustentar preços", diz o publicitário holandês Ronald Vorstenbosch, 41, que comanda, em Londres, os negócios da agência Leo Burnett International para a Europa e Oriente Médio.

Folha - Poderia citar alguns exemplos que demonstram essa tendência?
Ronald Vorstenbosch - Marlboro, embora seja uma marca com alto valor agregado, teve de diminuir o preço. Já a Procter & Gamble investe muito e rapidamente em inovação de produto e suas fraldas descartáveis não conseguem ser acompanhadas em qualidade pelas concorrentes do varejo.
Na raiz desse fenômeno está a falta de diferenciação do produto e a crescente força dos varejistas. A cadeia alemã Aldi, por exemplo, só tem produtos com marca própria nas prateleiras. Em função disso, muitas grandes indústrias têm feito parcerias com o varejo.
Folha - Essa queda de lealdade gera que reação defensiva?
Vorstenbosch - As empresas tratam de tornar mais visíveis suas marcas corporativas, além daqueles que batizam o produto. O consumidor vê nessas marcas uma garantia de qualidade.
Folha - É possível mensurar a extensão dessa queda?
Vorstenbosch - Estão crescendo os grupos de consumidores atraídos por descontos e promoções, além do grupo que normalmente costuma optar entre duas ou três marcas na hora das compras.
Quais as mudanças refletidas na publicidade?
Vorstenbosch - As pessoas estão fartas de serem muito bombardeadas com muitas informações nos comerciais. Hoje a propaganda deve ser mais entretenimento que informações massificadas. Os publicitários entendem, mas muitos clientes ainda não, que a sopa de tomate não é a coisa mais importante na vida das pessoas. É necessário acrescentar um pouco mais de humor às campanhas.
(NB)

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