São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 1995
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Remédio ganha espaço nos supermercados

SIDNEY MANZIONE JR.

Nem sempre a vontade de uma empresa de diversificar sua distribuição se torna possível.
O fato de querer colocar seu produto em outros canais de distribuição pode encontrar dificuldades, ou mesmo impossibilidades.
Colocar o produto em lojas pequenas, por exemplo, bate no alto custo de distribuição, motivo pelo qual mesmo os grandes fabricantes apelam para os atacadistas ou distribuidores.
Há, ou pelo menos havia, restrições à colocação de certos produtos em supermercados.
Caem barreiras
Há cerca de um ano esta limitação começou a cair. Naquela ocasião vender os chamados produtos OTC em supermercados era proibido. OTC é uma sigla inglesa para ``Over The Counter", ou seja, trocando em miúdos, remédios que se vendem sem receita.
Não era possível se encontrar no supermercado um antiácido ou um analgésico. Essa proibição, no entanto, não atingia as lojas como mercearias, empórios, padarias -as chamadas lojas tradicionais.
Com a queda dessa proibição (cuja regulamentação legal está por acontecer), o supermercado passa a ser um grande filão para os laboratórios, só acostumados com isso fora do Brasil. Aqui muitos deles deverão aprender a conviver com esse grande canal, que, efetivamente, tem grande poder de fogo. Quem sabe não tenhamos, como nos Estados Unidos, prateleiras quilométricas exibindo os produtos OTC?
Em geral, se considerarmos algumas categorias de produto que já tenham distribuição em supermercados e farmácias (xampus, desodorantes, absorventes entre outras), veremos que os primeiros representam, em média, perto de 70% das vendas. Seguramente um grande canal para produtos desse gênero.
Pois bem, há um ano, por volta de março e abril, os supermercados grandes -aqueles que têm dez ou mais caixas registradoras- pouco, ou quase nada, representavam para uma categoria como analgésicos e antitérmicos. Este segmento de lojas, em um ano, passou a representar 1,3% das vendas do país de analgésicos.
Pode parecer pouco, mas devemos lembrar que este crescimento é contínuo, e que a regulamentação final das vendas de OTC em supermercados não foi publicada, o que afastou das vendas alguns laboratórios.
Permitindo negociações mais vantajosas, em função da quantidade em relação às farmácias, os supermercados conseguem ter preço mais baixos. Esse tipo de atrativo deverá, em breve, acelerar mais ainda o crescimento das vendas.
Vantagem
O preço mais baixo já é uma realidade. Se tomarmos um preço médio de analgésico, considerando-se farmácias, supermercados grandes, pequenos e lojas tradicionais, e considerarmos este preço como 100%, o preço de um analgésico é, hoje, 35% mais barato. Uma marca, sem dúvida, digna de registro.
Muita coisa ainda virá, como material de apoio no ponto de venda, promotores, ``guerra" de espaço pela prateleira e outras situações ainda não vividas pelos ``remédios". Resta dar as boas vindas aos laboratórios a esse novo mundo e esperar que o consumidor saia lucrando.

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