São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 1995
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Dirigente do Senado quer extra de R$ 50 mil

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Júlio Campos (PFL-MT), segundo vice-presidente do Senado, defendeu ontem sua proposta de trocar todos os benefícios aos quais o senador tem direito -carro, cota de gráfica, assessores pagos pelo Senado, etc- por uma verba de representação mensal de R$ 50 mil.
Campos vai apresentar seu projeto à Mesa Diretora na reunião de amanhã. A idéia é que um senador, além do salário mensal R$ 8.000, receba R$ 50 mil a título de verba de representação, para administrar como quiser.
``Vamos acabar com todos esses penduricalhos e aproveitar melhor os recursos do Orçamento do Senado", disse Campos.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou que a proposta não será ``nem analisada" pela Mesa Diretora.
Ele disse que as regras de remuneração do senador não vão mudar enquanto ele presidir o Senado.
A insatisfação dos senadores com o salário tem crescido.
O primeiro-secretário do Senado, Odacir Soares (PFL-RO), tem recebido queixas ``de todo mundo", mas diz que não há solução para o problema. ``Qualquer proposta seria casuística", afirma.
O artigo 49 da Constituição determina que o salário de deputado e senador seja fixado no final da legislatura anterior.
Fora disso, não pode haver aumento real de salário, apenas o repasse dos reajustes previstos pela política salarial.
Proposta Campos
Júlio Campos acha que o Congresso poderia destinar no Orçamento de 96 uma verba anual de R$ 600 mil reais para cada senador -além do salário mensal de R$ 8.000-, para serem pagos em 12 parcelas de R$ 50 mil.
O parlamentar usaria essa verba para contratar quantos funcionários quisesse, alugar carro, pagar serviços de gráfica e de Correios e arcar com todas as despesas de gabinete.
Atualmente, o senador pode indicar 4 dos 16 servidores do gabinete. Tem apartamento, carro e motorista à disposição, mas todos acham que os imóveis e veículos estão ``caindo aos pedaços".
Os senadores também têm direito a cota fixa de uso da gráfica e dos Correios e a quatro passagens aéreas para seus Estados, uma delas passando pelo Rio de Janeiro.
``Caráter"
``Eu pago para ser senador", afirmou o socialista Ademir Andrade (PSB-PA), senador de primeiro mandato.
Ele acha o salário (R$ 8.000) baixo, mas é contra qualquer proposta de aumento. ``Isso é falta de caráter", disse.

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