São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 1995
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Petista pede explicações a Luís Eduardo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), que, na segunda-feira, leu a letra da música dos Paralamas na tribuna, em protesto contra a censura, pediu ontem explicações oficiais ao presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
``Precisamos saber se a Mesa Diretora apóia a iniciativa do procurador ou se ele está agindo sem respaldo", afirmou Cunha.
Bonifácio de Andrada, o procurador da Câmara, disse que não consultou ninguém antes de entrar na Justiça contra o Paralamas. ``Procuradoria tem autonomia. Sou advogado e sei o que é difamação", afirmou.
O corregedor-geral da Câmara, deputado Beto Mansur (PPR-SP), disse ontem que o deputado João Paulo Cunha ``também difamou o Congresso" ao ler a letra proibida na tribuna.
Mansur, porém, afirmou que só avaliará uma possível punição a Cunha se houver um pedido de algum parlamentar:
``Esse é um assunto menor. A corregedoria tem problemas mais importantes para resolver".
Lula
O presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem que a decisão da Câmara ``só fez aumentar o sucesso deles".
Ele brincou ao afirmar que não vai cobrar direito autoral pelo sucesso da música por causa de sua frase, segundo a qual havia 300 picaretas no Congresso.
``Hoje, com certeza, tem mais de 300 picaretas", disse Lula.
Rindo, Lula criticou a atitude da Mesa da Câmara de tentar ressuscitar a censura prévia eliminada no texto da constituição aprovada em 88
A letra polêmica (leia nesta página), de autoria do cantor e compositor Herbert Vianna, diz que o presidente do PT refletiu o ``sentimento da nação" ao afirmar (em 93) que havia 300 ``picaretas" no Congresso.
Processo
Os músicos Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone, que integram a banda, vão ser investigados pela Polícia Federal por causa da música.
O procurador da República no Distrito Federal, Antônio Carneiro Sobrinho, mandou abrir inquérito para apurar a possível prática de crime contra a honra.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) protestou contra a medida judicial.
``É preciso impedir a volta da censura", afirmou.

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