São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 1995
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Morador aprova prédio em favela

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 29/06/95
Diferentemente do que informa legenda à pág. 3-1 da edição de ontem do caderno São Paulo, os apartamentos do projeto Cingapura foram entregues pelo prefeito Paulo Maluf no dia 27/6.
Morador aprova prédio em favela
O prefeito Paulo Maluf inaugurou ontem o 27º prédio do projeto habitacional Cingapura. Os 80 apartamentos ficam na favela Água Branca, ao lado da ponte da Freguesia do Ó (centro de SP).
Um grupo de 11 famílias protestou durante a cerimônia. Elas preferem continuar em suas casas, feitas de tijolos. ``Minha avó mora aqui há 20 anos, em uma casa bem maior do que esse apartamento", disse Douglas Ortiz Júnior.
Essas famílias da Água Branca são exceções. A Folha conversou durante uma semana com moradores das duas primeiras unidades inauguradas, a Zaki Narchi (zona norte) e a Água Branca.
Todos foram unânimes em elogios às novas moradias. Eles elogiam a segurança e destacam o fato de não terem que mudar de bairro (leia texto na pág. 2).
Foram licitadas até agora a urbanização de 27 favelas, com um gasto previsto de R$ 125 milhões. Cada apartamento custa R$ 11 mil. Cada família vai pagar, no final de 20 anos, R$ 14 mil.
Segundo o secretário da Habitação, Lair Krahenbhul, o Cingapura é mais caro que outras opções de desfavelamento, mas tem a vantagem de não mudar as famílias do bairro.
``Terreno de favela é irregular e tem muita fossa. É preciso colocar uma nova cobertura em toda extensão, encarecendo a obra", diz.
O alto custo do projeto Cingapura também é destacado por Maria Cristina Silva Leme, professora de Planejamento Urbano da USP.
``O Cingapura é interessante porque, ao verticalizar, atende o problema do adensamento populacional da favela. Urbaniza sem remover as famílias. Mas é um projeto caro, que não pode ser estendido para toda a cidade", diz ela.
O arquiteto Cândido Malta, professor da USP e vice-presidente do Movimento Defenda São Paulo, diz que o projeto Cingapura ``é bom", mas pode ser melhorado.
Ele defende que os novos conjuntos sejam integrados aos seus bairros pela construção de ``equipamentos sociais" como escolas, postos de saúde e creches.
O arquiteto diz ainda que os apartamentos não são a solução ideal. ``Eles funcionam como uma camisa-de-força. Nas casas, quando a família cresce, eles constroem mais um quarto."

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