São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 1995
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Exposição no MIS revela origem da melancolia do fado português

FERNANDA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mostra: Fado, Vozes e Sombras
Quando: de hoje até 30 de julho, de terça a domingo, das 14h às 22h
Onde: MIS (av. Europa, 158, tel. 011/280-0896, Jardins, zona sul)
Quanto: entrada franca

A exposição ``Fado, Vozes e Sombras", no MIS, começa em um túnel escuro onde se ouvem guitarras portuguesas e açorianas sendo afinadas, uma gaita ensaiando um fado, a voz de uma mulher cantando. Está criado o ambiente.
O visitante desemboca em Lisboa, por volta de 1830, onde e quando nasceu o fado (canção popular portuguesa) como se conhece hoje. Se se aproxima de um mapa da época da cidade, escutam-se o som das gaivotas e o barulho do rio Tejo batendo no cais.
Mais à frente o som é de carroças e, entre fotos de Alfama (bairro medieval de Lisboa), chega-se a uma taverna. Numa cabine mais adiante, o visitante pode escutar Amália Rodrigues cantando ``Abandono".
Compõe-se de fotos, objetos (guitarras, xales de cantoras, discos antigos), jornais e cartazes de época, mas sobretudo de ambiente a exposição, organizada por Joaquim Pais de Brito, 50, diretor do Museu Nacional de Etnologia de Lisboa.
Segundo o curador da mostra, o túnel inicial serve para ``tirar as idéias que as pessoas já têm do fado" e possibilitar que elas apreciem sua multiplicidade.
A exposição serve ainda como uma aula de história: fica-se sabendo, por exemplo, que a personagem ``fundadora" do fado foi uma mulher, mais precisamente uma prostituta da Mouraria (bairro ``quente" de Lisboa), chamada Severa (1820-1846).
Desta sua origem, o fado conservou o seu caráter de ``fenômeno da noite e de melancolia", como diz Pais de Brito.
``Trazemos uma visão sociológica e antropológica do fado. É o fado na universidade", diz Miguel Fialho de Brito, 38, diretor de informação turística do Icep (Investimentos, Comércio e Turismo de Portugal), instituto responsável pela vinda da exposição ao Brasil.

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