São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Secretário da Cultura contrata assessores pelo Memorial da AL

ELVIS CESAR BONASSA
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Estado da Cultura, Marcos Mendonça, contratou quatro assessores por meio da Fundação Memorial da América Latina. Com esse subterfúgio, aumentou de seis para dez o número de assessores diretos no gabinete.
As contratações saíram no ``Diário Oficial" de 14 deste mês e são retroativas a 5 de maio. Os assessores receberam no Memorial o cargo de analista executivo, com salário em torno de R$ 2.500,00, e foram transferidos em seguida para o gabinete de Mendonça.
No início do mandato, o governador Mario Covas proibiu esse tipo de contratação e empréstimo de funcionários. Agora, estão sendo abertas exceções. As contratações feitas por Mendonça têm respaldo em um ofício da Casa Civil.
Os contratados são Adélia Lombardi, Armando de Arruda Sampaio Filho, José Roberto Valeri Walker e Marcelo Nitsche. Na secretaria desde o primeiro dia de governo, formam o staff de confiança do secretário.
Mendonça diz que, até a contratação em 5 de maio, os quatro ``trabalharam de graça". Os seis cargos de confiança disponíveis na própria estrutura do gabinete ficaram com outros funcionários, considerados fundamentais para manter a secretaria em funcionamento.
A Secretaria de Cultura, por ordem de Covas, perdeu cerca de 70% de seu pessoal, 1.500 pessoas, logo no início do mandato. Esse pessoal era ligado ao Baneser, uma empresa do Banespa (banco do governo paulista) que fornecia mão-de-obra para vários órgãos da administração pública.
Com essa erosão, Mendonça puxou para os cargos de confiança funcionários mais antigos, com conhecimentos sobre a estrutura da pasta, para impedir a paralisação das atividades. Com isso, ficou sem lugar para seus assessores pessoais. Contornou o problema com as contratações via Memorial.
O Memorial da América Latina também perdeu, no início do governo, funcionários ligados ao Baneser e a outros órgãos do governo. Agora, enquanto contrata funcionários para o gabinete do secretário, mantém diversas pessoas -também consideradas essenciais- com contratos temporários de prestação de serviço.
Em entrevista anteontem à Folha, o secretário afirmou que os quatro vão trabalhar em projetos conjuntos com o Memorial da América Latina, o que justificaria as contratações por aquela fundação. Citou, como exemplo, o Festival de Inverno de Campos do Jordão e a Oficina da Palavra.
Na realidade, eles assessoram Mendonça em qualquer questão. Adélia Lombardi, por exemplo, é assessora de imprensa.
Qualquer contato de imprensa com o secretário é mediado por ela, independentemente do assunto em questão.
Sampaio Filho, outro caso, trabalha como assessor de marketing. É responsável pela estratégia de captação de recursos para todas as atividades da secretaria que necessitem de patrocínio privado.

Texto Anterior: Congresso reage contra letra adolescente
Próximo Texto: `Faremos atividades conjuntas'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.