São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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Filas para mostra de Rodin estão maiores

Tempo mínimo de espera é de duas horas e meia

JOANA GELPI MARCONDES
DA REDAÇÃO

Está cada vez mais difícil ver a exposição de esculturas de Auguste Rodin (1840-1917) na Pinacoteca do Estado.
Se você ainda não foi, prepare-se: agora o tempo mínimo de espera na fila de entrada é de duas horas e meia.
Não existe mais distinção entre dias bons e ruins para visitar a exposição. As quartas-feiras, que eram indicadas como dias tranquilos, tornaram-se uma loucura.
Na última quarta-feira, a fila superou o movimento das sextas-feiras, que têm entradas gratuitas. Às 15h, ainda se encontravam na fila pessoas que tinham chegado ao museu por volta das 9h30. Ou seja, cinco horas e meia de espera.
Durante o período da manhã, a situação é agravada pela presença das escolas.
O horário mais aconselhável para a visitação é depois das 13h. O problema é que, a exemplo de quarta, os ingressos se esgotaram às 14h. A bilheteria havia vendido os 3.500 ingressos do dia.
É o caso da artista plástica Neyde Auilo, que veio de Santos especialmente para ver a exposição. Chegou na fila às 15h45 convicta de que não iria embora sem ver a exposição. Foi embora quando soube que os ingressos haviam se esgotado uma hora e meia antes.
O visitante leva em média uma hora e meia para ver todas as obras de Rodin. Os 1.400 metros quadrados da exposição comportam 350 pessoas, num revezamento de aproximadamente 40 minutos.
A exposição, que levou aproximadamente 220 mil pessoas ao Museu Nacional de Belas Artes durante os 40 dias em que esteve no Rio de Janeiro, está se tornando programa obrigatório para o paulistano.
Até domingo, dia 25, 19 dias depois da abertura da exposição, 51 mil pessoas haviam visitado o museu. A previsão para o final da exposição, daqui a 14 dias, é que se atinja a marca de 100 mil visitantes.
``Superamos todas as expectativas de público, de 25 mil visitantes, e, o que é melhor, desmistificamos a idéia de que a Pinacoteca está num `lugar morto' e perigoso. Até agora não tivemos problemas de assaltos, nem sequer temos menores carentes pedindo esmolas na fila", diz Emanuel Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado.
A exposição de Rodin deve superar, também, o total de público de todo o ano de 94 da Pinacoteca, que era de 60 mil visitantes.
Para Araújo, 90% do público desta exposição nunca deve ter entrado na Pinacoteca do Estado antes.
O artista plástico mineiro Hélio Siqueira, 45, acha que a causa da fila está na falta de frequência de público aos museus. ``As pessoas não estão acostumadas a frequentar exposições de arte, então quando a mídia investe, como investiu nesse evento, vira uma febre, um acontecimento", diz ele.
A comprovação de que o público paulistano não costuma frequentar museus é a enorme quantidade de ligações que a Pinacoteca vem recebendo de pessoas interessadas em saber qual é a roupa adequada para ir à exposição.

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