São Paulo, segunda-feira, 3 de julho de 1995
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Penn resiste à nova Hollywood

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

"Amigos para Sempre" (Manchete, 21h45) não é o melhor filme já feito por Arthur Penn, com certeza, mas tem um ponto decisivo a seu favor (embora não seja esse o único favorável).
Foi feito na entrada dos anos 80, quando o cinema americano, já estabilizado depois da crise dos anos 50, 60 e início dos 70, tratava de instaurar um novo standard.
Esse standard, podemos ver cotidianamente nos cinemas, no vídeo, na TV. Ou antes, basta ver alguns segundos de filme para perceber essa impessoalidade gritante, meio mecânica, como se a aspiração suprema dos filmes fosse o anonimato, a falta de estilo.
"Amigos para Sempre" começa por tratar de imigrantes iugoslavos nos EUA, isto é, por uma procura ostensiva da diferença. Depois, a maneira como constrói a ambientação leva a uma simpática ciranda amorosa, que passa ao largo do que se costuma fazer convencionalmente sobre o assunto.
É, enfim, um cinema de resistência, mas feito num momento em que um novo sistema hegemônico se impunha, à moda americana: como um rolo compressor.
A marca está lá, a personalidade está lá, mas é como se tivéssemos o duvidoso privilégio de ver um cineasta virar uma velharia, ou quase isso: o momento de Penn, que foi o de "Bonnie & Clyde", que foram os anos 60, tinha passado. Os anos Spielberg/George Lucas tinham chegado.
Não é questão de olhar para trás com nostalgia, mas de ver o que essa nova era trouxe, e o que levou.
(IA)

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