São Paulo, terça-feira, 4 de julho de 1995
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Festival traz Shakespeare em filmes e palestras

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

A obra do dramaturgo inglês William Shakespeare (1564- 1616) é o tema do Festival Anglo-Brasileiro de Teatro, que começa hoje no Rio com filmes, vídeos, palestras e uma oficina para atores.
A oficina terá quatro semanas de aulas de interpretação, uso de voz e corpo, além de discussões sobre dois textos de Shakespeare: ``Medida por Medida" e ``Coriolano".
O festival vai até o final de julho, e, com exceção da oficina, toda a programação é aberta ao público. Os filmes, vídeos e palestras acontecem em quatro locais: os centros culturais do Banco do Brasil, dos Correios (no Centro), Oduvaldo Viana Filho (o Castelinho, no Flamengo) e a Casa de Cultura Laura Alvim (em Ipanema, zona sul).
Na programação de filmes estão clássicos como o ``Hamlet", de Laurence Olivier (1948), até versões modernas de Shakespeare, como ``Muito Barulho por Nada", de Kenneth Branagh (1993).
Na Casa de Cultura Laura Alvim e no Castelinho, os vídeos serão acompanhados por palestras de análise literária e dramática sobre a obra de Shakespeare.
O festival é organizado pela Contraband Productions, a mesma produtora que, no ano passado, levou uma montagem do ``Beijo no Asfalto", de Nelson Rodrigues, para o Festival de Edimburgo.
``Há 80 mil brasileiros vivendo em Londres. Sabemos que o intercâmbio cultural anglo-brasileiro pode ser mais forte", diz Fiona Travers, da Contraband.
Quinze professores e diretores de teatro britânicos e brasileiros vão dar os cursos da oficina, com o desafio de mostrar ao ator como descobrir o texto shakespeariano.
``Não seremos nós os professores. Queremos que Shakespeare seja o professor e faça com que os atores penetrem em textos escritos há 400 anos", afirma Brigid Panet, 50, responsável pelo curso ``Método de Ações Físicas".
Brigid Panet é professora da Royal Academy of Drammatic Arts, que há 120 anos forma atores britânicos, e dá cursos de verão no Royal National Theatre.
``O mais difícil é captar o nível de energia e verdade do que ele escreveu. Shakespeare não é o autor de uma época, é para sempre e para todos os lugares", afirma.
O trabalho de Brigid é fazer com que os atores usem o máximo de sua expressão para ``entrar no texto". ``Já que estou no Brasil, digo que quero dos atores uma disciplina de jogador de futebol: o máximo de suas vozes, cérebros e corpos", explica.
Ela defende adaptações de Shakespeare para o cinema e a TV como uma forma de apresentar o público ao autor. Mas diz que só no teatro os textos são completos.

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