São Paulo, quarta-feira, 5 de julho de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Dida é um risco que vale a pena correr
ALBERTO HELENA JR.
O desavisado que abre o jornal e lê a notícia segundo a qual Ricardo Teixeira foi reeleito presidente da CBF, praticamente por unanimidade, assim como o fora há tempos Farah, aqui em São Paulo, pensará que vivemos o esplendor da organização no futebol, único ofício que só nos traz divisas e louros. Na verdade, essas eleições estão viciadas na origem, pois o futebol, antes e muito mais eficientemente do que a política oficial, adotou e aperfeiçoou o ``toma-lá-dá-cá" de tal forma que essa gente se entroniza nos cargos para todo o sempre, se quiser. Não pela excelência de sua administração, mas exatamente pelo oposto. Afinal, é a bagunça que alimenta de votos esse pessoal. E, sem nenhum pessimismo, confesso: não vejo a luzinha no fim do túnel. A tal Lei Zico é inócua, a não ser para a máfia do bingo, sua maior beneficiária. E o nosso ínclito ministro dos Esportes, Pelé, até agora não disse a que veio. O Brasil estréia, depois de amanhã, contra o Equador, e, pelos relatos que nos chegam da fronteira, algumas dúvidas começam a instilar-se na cabeça encanecida do velho Zagallo. No gol, por exemplo, as duas falhas de Danrlei abriram as portas para Dida, que, cá entre nós, me parece mais bem dotado. Alto, dono de reflexos apuradíssimos, ágil, Dida me transmite mais segurança. Só não sei quanto irá pesar a camisa da seleção no garoto. Mas isso só saberemos lá dentro do campo, durante a competição. É um risco, porém, que vale a pena correr, se levarmos em conta que se trata de um título em disputa, mas, também, de apenas uma etapa a mais no processo de transição por que passa nosso time desde a conquista do tetra até a tentativa do penta, com uma Olimpíada no meio. Há quem diga que as outras dúvidas residem lá na frente, onde apenas Túlio é certeza, posto que o rapaz, quando veste aquela camisa de ouro, não deixa por menos: são dois gols por jogo na caçapa. Mas o problema, na verdade, é fazer a bola chegar lá, qualquer que seja a dupla. E isso, sem nenhuma dúvida, seria feito com maior frequência e sabedoria se nosso meio-campo fosse armado, por exemplo, assim: Dunga, Leonardo, Souza ou Zinho e Juninho. Texto Anterior: Uruguai abre Copa América contra Venezuela e pede calma à torcida Próximo Texto: O profissional Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |