São Paulo, quarta-feira, 5 de julho de 1995
Texto Anterior | Índice

Aids; Juca Kfouri; PFL e monopólio; Latinidade insatisfeita; Ombudsman e sindicalismo

Erramos: 06/07/95
Por uma falha de edição, a carta de Marx Golgher publicada ontem no Painel do Leitor, à pág. 1-3, intitulada "Ombudsman e sindicalismo", deixou de ser acompanhada da seguinte resposta do ombudsman: "Resposta do jornalista Marcelo Leite - Um ombudsman que se preza levanta questões para reflexão, o que o leitor não parece disposto a fazer. Não conheço forma alguma de provar intenções, mas acho que jornalistas devem estar atentos a elas. A objeção ao gráfico da CUT foi clara: se a questão era a distinção entre o privado e o estatal, o primeiro setor não deveria ter sido dividido em dois".
Aids
``Em razão de notícias veiculadas pela Folha nos dias 29 e 30 de junho, sob os títulos `Saúde reintegra aluno com Aids em escola de Brasília' e `Diretora que afastou aidético deixa cargo', a Secretaria de Educação do Distrito Federal faz alguns esclarecimentos. Não houve reintegração do aluno, uma vez que em nenhum momento o menor foi afastado da escola por ser um soropositivo de vírus HIV. A diretora da escola continua trabalhando no cargo de direção, mas estuda a possibilidade de ocupar um cargo na área pedagógico-administrativa da Fundação Educacional (FEDF), para o qual foi convidada anteriormente. Ao buscar orientação do Ministério da Saúde, a diretora da escola procurou preservar a criança, não discriminá-la. Acionada pelo ministério, a Secretaria de Saúde do DF informou à FEDF que havia uma denúncia de discriminação de aluno soropositivo numa escola da rede oficial. Profissionais de saúde e educação constataram atitudes positivas e receptivas por parte da diretora e da professora do aluno, que estava perfeitamente integrado. Com relação à efetivação da matrícula do aluno em 14 de junho, ele vinha frequentando as aulas como ouvinte desde maio, já que a mãe ainda não havia apresentado os documentos exigidos. Vale lembrar que a FEDF sempre desenvolveu projetos que tratam da sexualidade e de doenças sexualmente transmissíveis junto aos professores e alunos da rede pública."
Roberto Seabra, assessor de imprensa da Secretaria de Educação do Distrito Federal (Brasília, DF)

``Confesso que não deveria, mas fiquei surpresa com a atitude do governo do Distrito Federal (GDF) no que se refere ao caso do afastamento de meu filho soropositivo de uma escola pública da cidade. Recebi o telefonema da diretora da escola no mesmo dia da matrícula, quando informei sobre sua soropositividade. A diretora disse com todas as letras: `O menino não pode ficar aqui, onde não tem tratamento especial. Mas ele não ficará sem estudar, pois o GDF vai criar, a partir de agosto, uma escola especial para crianças com Aids. Lá ele vai receber tratamento adequado e acompanhamento médico'. A diretora também disse que a escola é `problemática' e que uma criança com Aids seria algo mais a ser usado contra ela (diretora). Meu filho estudou, de fato, como `ouvinte' durante quase um mês, mas porque a diretora disse que ele poderia ficar nesta situação até que a DRE autorizasse sua matrícula. Finalmente, devo informar que acionei o Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde. Tentei creditar o afastamento de meu filho à desinformação de alguns funcionários e não a qualquer atitude maldosa, mas diante da nota publicada pelo GDF só me resta ver (e lamentar) a incapacidade de um governo que não consegue reconhecer quando se equivoca e por isso não vai conseguir aprender com os próprios erros."
V. S. (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Abnor Gondim - Não há incorreções na reportagem. A diretora da escola e a mãe do estudante estavam desorientadas. O gerenciamento impróprio do caso fez com que L. S. ficasse sem estudar por duas semanas.

Juca Kfouri
``Não sei se cumprimento a Folha ou Juca Kfouri. A Folha, pelo acerto da contratação de um profissional reconhecidamente capaz. E Juca, pelo trabalho realizado até hoje, pautado pela competência, seriedade, coragem e imparcialidade."
Fausto Eduardo Camunha (São Paulo, SP)

``Parabéns pela contratação do jornalista Juca Kfouri. Essa ação mostra a busca da Folha de uma independência editorial cada vez maior, processo em que este jornal é sem dúvida pioneiro."
Luiz Donato, gerente de projetos especiais e imprensa da Almap/BBDO (São Paulo, SP)

PFL e monopólio
``Sobre o artigo `PFL 2000', de Otavio Frias Filho, gostaria de saber se este senhor aprendeu o conteúdo do artigo há pouco tempo ou após as últimas eleições para presidente. Se o aprendizado é recente, lamento dizer que o fez um pouco tarde -pior que isso é imaginar que uma pessoa tão mal informada possa estar na direção deste jornal. Se detém as informações há tempos, por que não informou seu leitor a respeito antes das eleições? Sobre o artigo `Deputados e senadores...' (Folhinha), de João Batista Natali, acho-o tendencioso, deixando explícito que se os monopólios forem desmantelados o povo terá mais telefones etc. Sabemos esta é uma visão reducionista da questão."
Maria Lucia Boarini (Maringá, PR)

Latinidade insatisfeita
``Sou agrônomo aposentado, 67 anos, e concordo com 3/4 do que a sra. Cosette Alves esclarece sobre nossa latinidade insatisfeita e, por vezes, incoerente. Mas, pelo visto, Luís Nassif, colunista da Folha, discorda `in totum'. Mandarei à sra. Cosette carta com tudo que peço para que destaque em seus novos artigos. Assim procedo porque sei que é empresária de sucesso, é culta, tem acesso à mídia e é lida, acatada por muitos mandatários desta nação ainda `sem bússola'. A `geométrica' concentração de renda privilegia apenas 17% dos 145 milhões de brasileiros, e, destes, só 5% têm vida de cidadãos do chamado Primeiro Mundo."
Amaury Sampaio (São Paulo, SP)

Ombudsman e sindicalismo
``Não entendi as restrições que o ombudsman fez em 18/6 sobre a tabela `Rendimento é maior nas estatais' e o gráfico `Peso do setor público na CUT'. No primeiro caso, nenhum comentário de valor sobre o fato de funcionários de bancos federais estatais que se queixaram da tabela não saberem distinguir `remuneração e salário'. O pior veio depois de sua explicação sobre a diferença, absolutamente desnecessária, em face da clareza ofuscante da tabela. Pois bem, o jornalista não só aceitou a explicação esdrúxula de um dos reclamantes, de que `todo mundo iria entender que o salário era de R$ 5.197,00', como emendou que teria sido esta a intenção de quem divulgou o levantamento. Um ombudsman que se preza não faz insinuações maledicentes, prova ou exige prova da informação. Em nome da probidade intelectual, quero saber com clareza se um bancário federal estatal tem ou não remuneração dobrada sobre o do Bradesco. Quanto ao gráfico da CUT, está claríssimo que, de 25 componentes da executiva nacional, 18 estão ligados ao setor público, apenas 7 ao setor privado. Como é que uma minoria absoluta -o setor público- domina completamente a direção da CUT? O ombudsman, em vez de especular sobre supostas tramas conspiratórias contra a central, deveria reclamar da Folha por que ainda não investigou os estranhos critérios de escolha da executiva nacional da CUT."
Marx Golgher (Belo Horizonte, MG)

``Na coluna de 18/6, o ombudsman cita duas reportagens que forçam a amizade para provar o peso do funcionalismo público na CUT. Sobre sindicalismo no Brasil seria sempre bom lembrar que as empresas privadas -sendo que boa parte da economia é alavancada pelas pequenas e médias empresas- geralmente criam grandes dificuldades para organização sindical. Outra boa fatia da economia é gerada pela economia informal, na qual os trabalhadores não têm nem sequer contrato social (carteira de trabalho), quiçá sindicato. Apesar das `facilidades' da organização sindical no setor público, a Constituição não prevê a eles direitos básicos de outros trabalhadores como data-base. Os salários do setor são dos mais arrochados do país. A única `vantagem' do serviço público é a estabilidade no emprego. Além disso, quem criou uma grande massa de funcionários públicos improdutivos não foi a sigla CUT, mas a sigla PFL, antes Arena, antes UDN, antes d. João 6º."
Julian Carlo Fagott (Curitiba, PR)

Texto Anterior: Plano Bresser: atração fatal
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.