São Paulo, quinta-feira, 6 de julho de 1995
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Multinacionais pedem segurança no Rio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Executivos de empresas estrangeiras instaladas no Brasil cobraram ontem do secretário estadual de Segurança do Rio, general Nilton Cerqueira, garantias para o empresariado interessado em investir no Estado.
Em encontro promovido pela Câmara de Comércio Americano no Brasil, Cerqueira foi informado de que as multinacionais hesitam em se instalar no Rio por temer principalmente os sequestros.
O secretário foi questionado por 60 executivos de empresas como IBM, Coca-Cola, Shell, Texaco, Unisys e Xerox.
Membro do Conselho Diretor da Câmara, Francisco Teixeira, 49, disse que no exterior a fama de cidade violenta causa um ``dano enorme à imagem do Rio".
Segundo ele, várias empresas de fora têm interesse de ir para o Rio para aproveitar a proximidade de mercados consumidores, as boas áreas para instalações, a política de atração de capital do governo estadual e a rede de transporte ferroviário, marítimo e rodoviário.
``Mas o sequestro é uma preocupação enorme. Ele tem um impacto muito grande sobre os dirigentes das multinacionais nas matrizes. No exterior, há a impressão de que o governo não se preocupa com isso", disse Teixeira.
A Câmara de Comércio Americano vai se reunir neste mês para discutir como as empresas filiadas poderão ajudar no reaparelhamento das polícias Civil e Militar.
O secretário Nilton Cerqueira explicou aos empresários como devem ser feitas doações.
Diferentemente do que vinha ocorrendo, o empresariado deve fazer a doação à Secretaria de Segurança e não a delegados ou comandantes de batalhões.
Apesar disso, o secretário mostrou uma posição pessimista. ``A situação da segurança é muito pior do que se pode imaginar", afirmou ele.
Segundo ele, há cinco sequestros em andamento no Estado. Ele disse que a polícia não tem aparelhos eletrônicos capazes de identificar de onde partem os telefonemas dos sequestradores.
Cerqueira afirmou que, ao assumir a secretaria, há menos de dois meses, havia 12 pessoas sequestradas. Para ele, a diminuição do número é devida às pressões de traficantes sobre sequestradores. O secretário citou o caso de um homem morto na zona norte, com um bilhete sobre o peito dizendo: ``Sequestrei. Não sequestro mais".
``Foi um recado dos traficantes. O sequestro atrapalha o tráfico. O bilhete prometia a morte de cinco sequestradores. Eles estão me devendo quatro. Estou esperando."

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