São Paulo, quinta-feira, 6 de julho de 1995
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Prédio desaba em Santos e mata 2 pessoas

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Duas pessoas morreram em razão do desabamento do edifício Josefina, de três andares, no bairro do Gonzaga, em Santos (72 km a sudeste de SP).
A queda do prédio, por volta da 0h45, abalou a estrutura de uma casa à esquerda do edifício. Uma casa à direita teve parte da parede de um quarto derrubada.
As vítimas eram indigentes que dormiam no local. Até as 17h30 de ontem, os corpos não haviam sido identificados pela polícia. As vítimas não portavam documentos.
Segundo a dona-de-casa Alice Martins, que mora a 30 metros do local do desabamento, uma das vítimas era um homem que aparentava ter 50 anos. Ele estaria dormindo no local havia quatro dias.
A outra vítima, uma mulher aparentando 35 anos, era companheira do catador de sucata Carlos Vanderlei de Almeida, 44, identificada por ele como Vanderléia.
Os dois passavam pelo local, por volta das 22h30 de anteontem, quando decidiram entrar no edifício para dormir. ``Parecia um prédio abandonado", disse Almeida.
O catador de sucata afirmou que só escapou do desabamento porque havia deixado o prédio cerca de 15 minutos antes do acidente. "Saí para tomar uma pinga", disse.
O prédio havia sido interditado pela prefeitura no último dia 28, por risco de desabamento. Os sistemas hidráulicos e elétricos estavam malconservados.
As 50 pessoas que moravam nos 11 apartamentos -todos alugados- deixaram o prédio no mesmo dia da interdição.
O prédio, segundo a prefeitura, foi inaugurado em janeiro de 1953. O dono do imóvel, o empresário Nelson Ventura, não foi localizado ontem em casa e no escritório.
O secretário de Obras da prefeitura, Ricardo Pereira, 38, disse que Ventura, era o responsável pelo isolamento da área, após a interdição do edifício.
"Na última terça-feira, ele entrou com um pedido de autorização para demolição do prédio. A autorização foi concedida no mesmo dia, encerrando com a nossa responsabilidade", disse Pereira.
A Agência Folha procurou ontem o engenheiro Elias Abdalla Kirche, indicado por Ventura à prefeitura, por meio de um laudo, como responsável pela demolição.
No escritório do engenheiro, no centro de Santos, um homem que se identificou apenas como Belarmino disse não saber informar onde Kirche se encontrava.

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