São Paulo, quinta-feira, 6 de julho de 1995
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Juíza trabalha na roça ao lado de 30 meninos de rua

ADELSON BARBOSA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM COREMAS (PB)

A juíza de Direito Conceição de Lourdes Marcicano de Brito Cordeiro, 34, trabalha diariamente como lavradora em Coremas (15 mil habitantes, a 377 km de João Pessoa-PB).
Na horta de dois hectares (pouco maior que uma quadra de vôlei), ela coordena, entre 12h e 15h, o trabalho de 30 meninos de rua em 115 canteiros de verduras.
Dois policiais militares acompanham permanentemente a juíza-lavradora. Outros dois fazem guarda diante de sua casa.
Em 30 anos de existência da Comarca de Coremas, a primeira condenação de um acusado só aconteceu no ano passado. Dois anos depois da chegada da juíza, há seis presos na cadeia local.
``Aqui, quem falasse alguma coisa para contrariar os pistoleiros morria", afirmou a juíza. ``Os jurados tinham medo de condenar."
Cordeiro exerce sua função de juíza no forum de Coremas pela manhã, antes ir à horta, e à tarde, depois que sai.
Há um ano e sete meses, a juíza arregimentou os meninos e exigiu que estudassem nas escolas municipais para que pudessem trabalhar na horta. Dos 30 meninos, a maioria nunca tinha ido a uma escola.
Eles foram divididos em dois grupos. Os que trabalham pela manhã estudam à tarde e vice-versa.
O terreno da horta foi cedido pelo Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca).
Além de produzir, eles vendem as verduras. O dinheiro arrecadado -cerca de R$ 250 por mês- é dividido entre os meninos e o administrador da horta. Além disso, eles levam verduras para casa.
A juíza afirmou que tenta conseguir com o Dnocs uma área maior, para que os meninos plantem feijão, milho, mandioca e outras culturas.

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