São Paulo, quinta-feira, 6 de julho de 1995
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Gabinete de Major sofre a sua maior reformulação

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

O primeiro-ministro britânico, John Major, 52, reeleito na segunda-feira líder do Partido Conservador, anunciou ontem a mais profunda reforma em seu gabinete em cinco anos de governo.
Major formou um governo de centro, com vários de seus mais leais aliados em posições-chave. O premiê não cedeu mais poderes para a direita do partido, crítica em relação às suas posições sobre a integração européia.
O grande vencedor na reforma ministerial foi Michael Heseltine, 62, que deixou o Ministério da Indústria e Comércio para acumular os cargos de vice-premiê e de primeiro-secretário de Estado.
Embora as pesquisas de opinião o apontassem como o melhor nome para a liderança do Partido Conservador, Heseltine manteve-se fiel a Major na campanha.
A favor de laços mais estreitos entre o Reino Unido e a União Européia, Heseltine será responsável pelas políticas-chave do governo.
Seu substituto na Indústria e Comércio será Ian Lang, um dos principais coordenadores da campanha de Major.
Outro motivo de descontentamento para os ``eurocéticos" foi a escolha de Malcolm Rifkind (ex-Defesa) para o Ministério das Relações Exteriores. Eles preferiam um nome avesso a uma maior integração do país com a UE.
A concessão à direita veio por intermédio da escolha de Michael Forsyth como ministro para a Escócia. Michael Portillo, outro destaque da esquerda, deixará a pasta do Trabalho para ocupar o Ministério da Defesa.
A pasta do Trabalho foi extinta. Suas principais atribuições foram assimiladas pelo novo Ministério da Educação e do Trabalho. O objetivo da fusão é valorizar a formação técnica nas escolas.
O cargo será exercido pela atual ministra da Educação, Gillian Shephard, considerada muito competente e leal a Major. O atual ministro das Finanças, Kenneth Clarke, continua na mesma função.
John Redwood, que renunciou ao Ministério para o País de Gales para desafiar Major na eleição para a liderança, não volta ao governo.
Sua pasta será ocupada por William Hague, 34, o mais jovem membro de um gabinete britânico neste século. Ele ficou conhecido aos 16 anos ao discursar em homenagem à ex-premiê Margaret Thatcher num congresso do partido.
A principal baixa foi a do secretário do Tesouro, Jonathan Aitken, envolvido no escândalo de venda ilegal de armas para o Irã.
Segundo Major, todas as matizes do partido estão representadas no novo governo. ``É um gabinete em torno do qual todo o partido pode e deve se unir", disse.
Resta saber se a direita está de acordo. ``Se (o premiê) pensa que esta é a receita para a paz e a unidade, deve estar brincando", disse um aliado de John Redwood.

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