São Paulo, sexta-feira, 7 de julho de 1995
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`Matraga' está de volta em cópia nova

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Filme: A Hora e a Vez de Augusto Matraga
Produção: Brasil, 1965
Direção: Roberto Santos
Elenco: Leonardo Villar, Jofre Soares, Maria Ribeiro, Flávio Migliaccio
Quando: a partir de hoje
Onde: sala 4 do Espaço Banco Nacional de Cinema (r. Augusta, 1.470, tel. 011/288-6780, região central de São Paulo)

Entra em cartaz hoje, em cópia restaurada, ``A Hora e a Vez de Augusto Matraga" (1965), dirigido por Roberto Santos. É o terceiro filme exibido dentro do projeto ``Clássicos do Cinema Brasileiro", promovido pelo Espaço Banco Nacional de Cinema com apoio da Folha.
Baseado no conto homônimo do escritor mineiro João Guimarães Rosa, o filme de Roberto Santos (1928-87) é tido como um marco do Cinema Novo, embora o diretor paulista não seja considerado um membro ``de carteirinha" do movimento.
A história de Augusto Matraga é uma das mais poderosas escritas por Rosa. Valentão do sertão mineiro, Matraga resolve mudar de vida depois que, espancado por jagunços de um rival, é jogado numa ribanceira e dado por morto.
Ele se recupera graças à ajuda de camponeses e decide se tornar um homem bom, para entrar no céu ``nem que seja na marra".

Luz natural
A intensa e matizada interpretação de Leonardo Villar no papel-título é um dos pontos altos do filme, além da belíssima fotografia em preto-e-branco de Hélio Silva, que trabalhou praticamente só com luz natural, sem filtros, como era praxe no Cinema Novo.
Igualmente marcante é a música de Geraldo Vandré, que aproveita motivos de canções populares já apontados no próprio texto de Rosa, como a admirável estrofe: ``O terreiro lá de casa/ não se varre com vassoura,/ varre com ponta de sabre/ e bala de metralhadora".
Filme de beleza agreste e sem firulas, com uma densidade trágica raras vezes atingida no cinema brasileiro, ``A Hora e a Vez de Augusto Matraga" não perdeu nada do seu viço nesses 30 anos.
Só a atuação de Maurício do Valle (no papel de um padre) destoa do conjunto. Ele tinha acabado de atuar em ``Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, e ainda preservava o tom operístico do cineasta baiano.
Acompanham a exibição de ``Matraga" o curta ``Roberto", de Amilcar Claro, e a exposição fotográfica ``A Roberto Santos".

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