São Paulo, sábado, 8 de julho de 1995![]() |
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Falta hormônio para crianças em SP
AURELIANO BIANCARELLI
A falta do remédio provoca uma interrupção imediata do crescimento, além de alterações no metabolismo. ``Vivemos no desespero", diz Maria Luiza Marino, que tem dois filhos em tratamento e dirige a Crescendo, Associação dos Portadores de Distúrbios do Crescimento, de São Paulo. Segundo Luiza, no ano passado faltou remédio durante seis meses. Nesse ano, a distribuição vem sendo irregular. ``Somando os dias, já foram três meses sem o medicamento", afirma. A maioria das crianças precisa tomar de meia a duas ampolas por dia. No mercado, a ampola custa R$ 70,00. O hormônio consta da lista de medicamentos distribuídos pelo Estado. ``Muitas famílias vendem o que tem para continuar tratando seus filhos", diz a médica Renisa Dias Oda, do serviço de endocrinologia pediátrica do Hospital Brigadeiro de São Paulo. A Secretaria Estadual da Saúde informou que a distribuição estará regularizada nos próximos dias. Entregas de emergência serão feitas até que uma licitação maior seja concluída. Segundo o Programa de Medicamento de Alto Custo da secretaria, o problema não é o preço do remédio, mas os estoques vazios e irregularidades nas licitações herdadas do governo anterior. O problema de distribuição só não é maior porque a grande maioria dos casos de deficiência de hormônios não são diagnosticados. Estima-se que 5% das crianças estejam abaixo da altura. Dessas, 1% poderia voltar a crescer se tomasse o hormônio de crescimento. No Estado de São Paulo, calcula-se que 5.000 baixinhos precisam do remédio. ``Sem o hormônio, eles não vão conseguir crescer", diz Marcos Tambascia, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia de São Paulo. Além da falta de hormônio, uma série de outras patologias -além de causas genéticas e principalmente a desnutrição- podem impedir o desenvolvimento. Tambascia chama a atenção para a velocidade do crescimento das crianças. ``As mães devem acompanhar com o pediatra a curva de altura de seus filhos", diz. ``A grande maioria dos que precisa de tratamento nem chega aos serviços de saúde", diz a médica Renisa Oda. Muitos pediatras não estão atentos ao problema. Em muitas famílias, a questão da altura das crianças não é levada a sério. Preferem dizer que puxou pela avó ou por um tio, dizem os médicos. O diagnóstico é feito tardiamente. CRESCENDO - Associação dos Portadores de Distúrbios do Crescimento - Telefone (011) 272-5544 Texto Anterior: Saúde tem US$ 3,2 bi de equipamentos sucateados Próximo Texto: Renata, 1m26, cresceu 16 cm Índice |
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