São Paulo, sábado, 8 de julho de 1995
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Renata, 1m26, cresceu 16 cm

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles são chamados de ``baixinho", ``tampinha", ``coisa alguma", ``pintor de rodapé". Têm sempre que sentar na primeira carteira e ocupar o começo da fila.
Luciana da Silva Fedozzi, 14, mudou de escola por causa dos apelidos. Ela é uma das melhores alunas da classe, mas nenhuma menina aceita sair com ela.
Ela é uma das 400 crianças que agora estão sem receber o hormônio de crescimento. ``Saber que você pode não crescer mais é uma morte lenta", diz a pedagoga Maria Lúcia Fedozzi, mãe de Luciana.
Ela mede hoje 1m46, 20 centímetros abaixo do mínimo esperado para sua idade. Segundo seu médico, se interromper o tratamento, Luciana não vai chegar a um metro e meio, 20 centímetros menor que a mãe.
Lúcia descobriu que a filha tinha problemas no desenvolvimento quando ainda engatinhava. Os pediatras atribuíam isso ao fato de Luciana ter nascido com seis meses.
``Só aos 10 anos um médico descobriu que ela tinha deficiência do hormônio de crescimento em função de um problema genético", diz Maria Lúcia.
Renatinha -como é conhecida entre as amigas- tem 11 anos e 1m26 de altura. Entre 4 e 6 anos de idade, Renata não cresceu nada.
Só então o médico diagnosticou a falta do hormônio de crescimento. ``Sempre que toma o hormônio, ela cresce", diz a mãe, Rosana Ortencio Nunes. ``Se pára de tomar, pára de crescer."
Numa primeira fase, Rosana e o marido, o gerente de vendas Reginaldo Nunes, bancaram os custos. ``Depois não deu mais e paramos."
A família entrou na fila do Hospital Brigadeiro e esperou dois anos pelo remédio. Renatinha continua sendo a menor da classe e conserva o primeiro lugar na fila. Mas é também o melhor exemplo de quanto é importante o hormônio de crescimento: no período que tomou o remédio, cresceu 16 cm.
``Telefonamos sempre na esperança de que o medicamento chegue", diz Rosana. ``Um dia sem o hormônio vai fazer diferença mais tarde."
As próprias crianças sabem disso e vivem perguntando pelo medicamento. O hormônio é fornecido em ampolas com aplicação subcutânea.
(AB)

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