São Paulo, sábado, 8 de julho de 1995
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Evento faz homenagem a Lennie Dale

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Evento: exposição em homenagem a Lennie Dale
Onde: 3º Passo de Arte de Santo André (Ginásio Poliesportivo DellAntonia, r. São Pedro, s/nº)
Quando: de hoje a 16 de julho, das 9h às 24h
Ingressos: gratuitos

Quase um ano após sua morte, ocorrida em 8 de agosto do ano passado, o bailarino e coreógrafo Lennie Dale ganha uma homenagem. A partir de amanhã, sua vida e seu trabalho, que entrou para a história da dança e da música popular brasileira, serão tema da exposição de fotos e vídeos que integra a programação do 3º Passo de Arte de Santo André.
O evento é um festival anual de dança, que durante nove dias apresenta espetáculos e eventos paralelos, como a exposição dedicada a Lennie Dale. Além de novos coreógrafos brasileiros, como Sandro Borelli e Mário Nascimento, neste ano a programação inclui um grupo da Alemanha, o AZeT Dance Company, dirigido pelo brasileiro Anselmo Zolla.
À parte os espetáculos, a exposição sobre Lennie Dale é uma iniciativa mais do que oportuna. Quem teve o privilégio de conhecer o trabalho desse bailarino nascido em Nova York, mas que se considerava brasileiro, poderá rever trechos de suas apresentações memoráveis, muitas delas na TV.
Para a nova geração, Dale é uma personalidade a ser descoberta. Afinal, poucos como ele participaram de movimentos culturais tão vitais quanto a bossa nova.
Filho de pais italianos que se mudaram para os Estados Unidos, Dale praticou a dança desde criança. Em Nova York, contracenou na Broadway com a célebre Chita Rivera, no musical ``West Side Story".
Na Itália, concluiu o trabalho do coreógrafo Hermes Pan no filme ``Cleópatra", estrelado por Elizabeth Taylor e Richard Burton, chegando a interpretar um pequeno papel.
Em 1961, mudou-se para o Brasil. Era a época em que a bossa nova nascia no Beco das Garrafas, no Rio, onde uniu-se a artistas como João Gilberto.
Capaz de interpretar coreograficamente a música popular brasileira produzia na época, ele influenciou inúmeros artistas, como Elis Regina, que aprendeu com Dale o gestual adotado em suas apresentações.
A atriz Beth Faria também desenvolveu parcerias com Dale, que era admirado por nomes como Liza Minelli. À dança moderna norte-americana, absorvida junto a mestres como Katheryn Dunhan e Martha Graham, ele associou o jazz e os ritmos brasileiros, criando uma mistura pessoal.
O compositor Ronaldo Bôscoli costumava afirmar: ``Dale libertou a bossa nova do seu intimismo".

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