São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995
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Filha de Pelé escreve livro sobre falta do pai

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Sandra Regina Machado, 30, é uma mulher com um único objetivo em sua vida: fazer com que Edson Arantes do Nascimento, Pelé, considerado o maior jogador de futebol de todos os tempos, a reconheça como filha legítima.
A Justiça já fez isso por ela. Baseados em um exame de DNA (feito para reconhecimento de paternidade), os tribunais de Santos e do Estado -este em segunda instância, em 26 de abril último- já emitiram sentenças favoráveis a ela.
Sandra acredita, porém, que seu pai vai recorrer ao Superior Tribunal de Justiça: ``É provável, ele é muito teimoso."
Sandra diz que sua mãe a considera também muito teimosa: ``Devo ter puxado meu pai. Com certeza isso eu herdei dele."
Ela soube que era filha de Pelé ``com sete ou oito anos" de idade, através da mãe. ``Minha mãe me disse e pediu para que eu não comentasse com ninguém. Quando grávida, minha mãe procurou por Pelé, mas ele não se mostrou disposto a assumir o filho", afirmou.
Sandra disse que chegou a tentar um contato com Pelé, sem sucesso. Segundo ela, foi ele que a induziu a recorrer à Justiça.
O primeiro encontro só aconteceu no dia do teste de DNA, em 14 de novembro de 1991. ``Ele foi simpático, me deu um trevo de quatro folhas", lembra.
Desempregada, Sandra não se importa com o dinheiro e que não pensa na herança. ``Eu abriria mão da herança, desde que ele me auxiliasse nos estudos." Com 2º grau completo, ela quer cursar a faculdade.
Agora, Sandra vai lançar um livro relatando a falta da figura paterna em sua vida. ``Comigo, não houve trauma ou mágoa. O que ficou foi uma carência", diz.
Ela espera poder ter com Pelé, ao menos um ``relacionamento amigo" se não for possível uma relação plena de pai e filha.
Sandra disse que tentou se aproximar de Pelé em 1987, quatro anos antes de entrar com a ação na Justiça, mas não foi bem sucedida.
``Liguei para a casa dele e uma mulher, que se identificou como irmã dele, disse que eu deveria procurar os meus direitos na Justiça. Alguns dias depois, liguei para a casa dele no Guarujá. Pedi à governanta que desse o recado a ele. Dias depois eu liguei de novo. Transmitindo um recado dele, ela disse que, se eu era filha dele, deveria procurar os meus direitos na Justiça. O recado foi bem claro."
Sandra afirma que seu advogado, Nilo Entholzer, tentou promover um encontro entre pai e filha para que o caso não viesse a público. "Meu advogado contou que o advogado do meu pai, Samir Abdul Hak, disse: 'o rei mandou ir para o racha, mandou ir para o pau'. Ele (Pelé) teve muitas oportunidades, não pode reclamar."
Sandra manda um recado para o pai: ``Escuta, vamos deixar prevalecer o bom senso. Por que você está insistindo no óbvio? Eu sou sua filha. Há quatro anos você sabe disso. Eu gostaria de saber por que você protela isso? Seja claro, seja franco. Por quê?'

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