São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995 |
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Romarinho ainda não pode ser adotado
ALESSANDRA BLANCO
A mãe de Daniela, 2, a deixou na praça Floriano Peixoto (Santo Amaro, zona sul) com duas vendedoras de cigarro, que não conhecia. Disse que ia ao ginecologista e voltaria logo. Não apareceu. O bebê foi encaminhado à Febem. A mãe visitou a filha duas vezes e desapareceu. Antigamente, as crianças eram colocadas em uma espécie de roda que existia na frente da Febem. A mãe ``depositava" o bebê de um lado e girava a roda, sem correr o risco de ser identificada. Do outro lado, um funcionário pegava a criança. A Febem era conhecida como ``casa da roda". A mãe podia amarrar uma fita vermelha no braço da criança e escrever um nome. Se quisesse retirar o bebê, poderia localizá-lo pela fita. L.F., 1 mês, foi encontrado debaixo de um banco de trem na Lapa. Os policiais batizaram a criança, que tinha uma semana, de ``Romarinho". O nome do jogador de futebol não vingou na Febem. Ele foi rebatizado e ainda não pode ser adotado. Embora não exista indícios dos pais, as autoridades esperaram de 1 a 3 meses antes de liberar a criança para adoção. Um outro bebê de três dias achado em uma lixeira na Lapa, em maio, está em processo de adoção. O menino está morando com um casal (um médico e uma psicanalista). Entre as mães que visitam os filhos todos os domingos na Febem há diversas histórias. Desde a mãe que mora debaixo da ponte até a que perdeu a guarda por ``mau-humor", ``pirraça do ex-marido" ou ``acidente". A enfermeira Cleusa Aparecida Campos, 30, fugiu do hospital logo após dar à luz a menina M.C.C. ``Fui para a maternidade às pressas com meus dois filhos de 12 e 10 anos. Depois do parto, tinha que levar meus filhos para casa." Cleusa ficou sem aparecer no hospital por dois meses e sua filha foi encaminhada à Febem. ``Logo depois do parto meu filho mais velho foi operado. Tinha que cuidar dele", disse. (ABl) Texto Anterior: Estado quer devolver internos aos pais Próximo Texto: Voluntários oferecem 'carinho de mãe' Índice |
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