São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995 |
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Desindexação tem obstáculos
GUSTAVO PATÚ
O maior dos problemas está no SFH (Sistema Financeiro da Habitação), que engloba as cadernetas de poupança, os financiamentos imobiliários e um rombo de R$ 45 bilhões -tudo indexado, corrigido automaticamente mês a mês. Há também a dívida interna em títulos, papéis que o governo vendeu aos bancos para conseguir dinheiro. Até aqui, o Banco Central não conseguiu vender títulos de longo prazo sem correção monetária. Por fim, a crise financeira de bancos públicos, federais e estaduais tira a coragem do governo de promover uma concorrência mais livre no mercado financeiro, sem índices obrigatórios. A equipe econômica analisou por dois meses várias alternativas para desindexar o mercado financeiro, até concluir que só era possível avançar mesmo sobre os salários. Restou lançar, para o mercado financeiro, uma nova taxa, a TBF (Taxa Básica Financeira), e duas novas modalidades de aplicação de longo prazo -a expectativa é que os poupadores, no futuro, apliquem a longo prazo. Nos financiamentos habitacionais e nas cadernetas de poupança, não há qualquer previsão de mudanças na indexação -no caso, pela TR (Taxa Referencial)- em pelo menos um ano. Este é o prazo que o presidente da CEF (Caixa Econômica Federal), Sérgio Cutolo, estima para que seja concluída a avaliação do rombo do SFH. Antes disso, qualquer mudança é de alto risco. O governo será obrigado a calcular, contrato por contrato, qual é o exato rombo causado pelo desequilíbrio entre a correção das dívidas dos mutuários da casa própria e a das prestações vinculadas aos reajustes salariais. Segundo Cutolo, só depois de dimensionado o rombo -o que existe hoje é uma estimativa- a Justiça permitirá o pagamento do passivo do SFH na forma de títulos públicos, a alternativa encontrada pelo governo. Texto Anterior: BC estuda mudanças nos fundos DI e de commodities Próximo Texto: Menor banco do Brasil já troca cheques com o país Índice |
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