São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995
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Mercado `joga toalha' e não aposta em mudança radical

DA ``AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

Ao mesmo tempo em que se tornam mais preocupantes os indicadores de desaceleração econômica, aumentam as pressões por reajustes de preços.
As pressões preocupam o mercado, mas não há expectativa de mudança na queda do CDI-Over (4,02% em julho, 3,95% em agosto e 3,77% em setembro), pois a política econômica do governo não deve mudar. Ela conjuga elevação gradual da taxa de câmbio, queda paulatina dos juros, rédea curta no consumo e ajuste fiscal.
Além disso, ao reduzir de 6% para 5,75% ao ano os juros nos EUA, o Fed ajudou as políticas cambial e monetária do Brasil.
Caíram as taxas dos ``Treasury Bonds", papéis de longo prazo e inimigos principais dos títulos brasileiros. Deve entrar mais dinheiro externo no Brasil e o país poderá sustentar a âncora cambial, enquanto costura o ajuste fiscal.
O problema da dívida interna está sob controle. Mesmo assim, o ex-presidente do BC Pérsio Arida e o diretor de Política Econômica, Chico Lopes, elaboram plano visando o seu equacionamento.
O trunfo do governo para resolver o endividamento interno é uma espécie de Fundo de Amortização, a ser constituído pela privatização. Estuda-se vender estatais e, com o dinheiro, constituir um board, para negociar o passivo do governo.
A idéia é emitir títulos, lastreados nesses fundos, para captar recursos mais baratos lá fora e promover uma gradativa transferência da atual estrutura de papéis públicos para os novos papéis. Eles não terão prazo de resgate. Serão rolados no mercado secundário, tendo como garantia o lastro do fundo.
A proposta poderá interferir futuramente no mercado financeiro. Sua lógica é que, num determinado momento, se desestimulem as aplicações em papéis públicos tradicionais, acelerando a migração para esses títulos securitizados.
A lógica anterior era permitir que os passivos públicos fossem convertidos em moeda de privatização. Pela nova, esses passivos terão que passar por negociações com esse board do fundo, que implicará aceitar deságios variáveis.

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