São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995
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Entrevistas com veteranos resgatam história oral da campanha da Itália

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um estudante de graduação de história da PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica) fez um livro sobre a Segunda Guerra mais interessante, e bem mais original, que a maioria dos relatos contidos em outro livro com quatro vezes mais páginas, muitas delas preenchidas por professores do Departamento de História da USP.
Cesar Campiani Maximiano fez, em ``Onde Estão Nossos Heróis - Uma Breve História dos Brasileiros na 2ª Guerra", o que se convencionou chamar de ``história oral". Entrevistou veteranos da FEB. Deu voz às pessoas humildes que consistiam no grosso dos combatentes. Existem muitos livros de relatos de oficiais sobre a campanha brasileira na Itália. Poucos foram os soldados que escreveram.
Maximiano foi ouvir o que tinham a dizer. São feirantes, operários, pequenos comerciantes, pessoas que dificilmente escreveriam seus relatos como fizeram os advogados, empresários ou oficiais de carreira que tiveram em comum com eles a participação na FEB. São senhores hoje com mais de 70 anos, cuja morte previsível nos próximos anos vai privar o pesquisador de informações únicas.
Já ``Segunda Guerra Mundial - Um Balanço Histórico" traz 33 autores comentando temas variados da guerra -como o holocausto ou o Dia D-, a partir, na maioria das vezes, de uma ótica de esquerda, o que inclui datadas análises trotskistas da guerra.
Uma agradabilíssima surpresa é o texto de Luiz Felipe da Silva Neves, historiador da Universidade Federal Fluminense -um bom resumo do que foi a FEB, que coloca o polêmico livro do jornalista William José Waack (``As Duas Faces da Glória", Nova Fronteira), uma catilinária anti-FEB, em seu devido lugar: Waack ``agiu mais como um jornalista sensacionalista do que como um historiador prudente", escreve Neves.

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