São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995
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Professor diz que livre mercado é radical

DA REPORTAGEM LOCAL

``Os conservadores estão perdidos agora. Afinal, o livre mercado nada tem de conservador. E, hoje, até os comunistas chineses defendem o livre mercado."
Essa frase sintetiza a palestra dada pelo professor George Watson, da Universidade Cambridge (Inglaterra), promovida pela Folha e pelo Instituto Liberal, no auditório do jornal, na terça-feira passada.
Watson, 57, é professor de literatura inglesa e autor de livros sobre o assunto, como ``British Literature Since 1945" (Literatura Britânica desde 1945), e sobre política, como ``The English Ideology" (A Ideologia Inglesa).
Na palestra de terça, falou sobre ``The Idea of Liberalism" (A Idéia de Liberalismo), título de outro livro seu. Membro do Partido Liberal britânico, Watson considera que a idéia liberal por excelência é a do livre mercado, e que essa é uma idéia hoje globalmente aceita.
``O liberalismo é uma grande idéia. Por isso, o livre mercado está sendo adotado na maioria dos países", disse na abertura da palestra.
``Hoje se pensa que é natural os conservadores adotarem o livre mercado, mas isso é surpreendente." Segundo Watson, a idéia de livre mercado não é nem conservadora nem socialista. ``O livre mercado é radical, nada é sagrado para ele", afirmou.
Watson considerou que o fato de os conservadores estarem ``perdidos" pode ser demonstrado por idéias que têm surgido em livros recentes. Cita o exemplo de ``The Subversive Family" (A Família Subversiva), de Frederick Mount.
Mount, um conservador, é editor do jornal literário ``The Times Literary Supplement" e diz em seu livro que a família é a última organização subversiva da vida contemporânea. Watson observou que um conservador, há duas décadas, jamais empregaria essas duas palavras juntamente.
Watson disse reconhecer qualidades na chamada Nova Direita, conservadores que nos anos 80 se voltaram para o livre mercado, como Ronald Reagan (presidente dos EUA) e Margaret Thatcher (primeira-ministra do Reino Unido). Segundo ele, sua qualidade principal foi a ``competência".
``Mas as certezas dos conservadores", completou, ``nada vão significar para o futuro. O livre mercado vai contra elas".

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