São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 1995 |
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Variação do preço da cana aumenta tensão
CRIS GUTKOSKI
Há dez dias eles depredaram um dos ônibus que transportam os grupos para os canaviais entre 5h e 7h. O cálculo do preço é feito com os feixes de cana colocados lado a lado. A empresa determina o preço segundo a qualidade da cana. Paga-se menos pela cana mais fina. Na semana passada, a empresa havia adotado duas ações para impedir os protestos: deixou de divulgar o preço do metro no início do trabalho, passando a fazê-lo ao meio-dia, quando os trabalhadores tinham completado metade da produção, e levou grupos para cortar cana a 10 km ou 15 km do local onde se alojam, para evitar que retornassem sem trabalhar. ``A gente sofre muita humilhação aqui", queixa-se João Gomes Santos, 50, pai de 12 filhos, um dos 500 canavieiros que moram no povoado de Campestre, em Porto Franco. Ele já trabalhou para a destilaria em safras anteriores. ``A gente volta porque tem que sustentar a família." Santos é pai de Antônio, 17, cortador de cana na Caiman desde os 12 anos. Segundo Bernardo Lima, 49, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, esta é a primeira safra desde 1986 na qual a destilaria não emprega mão-de-obra feminina e infantil em larga escala, devido a várias inspeções do Ministério do Trabalho. As mulheres fazem hoje o serviço da ``pituca" (juntar em montinhos a cana cortada) e recebem R$ 4 por dia. Francisca Esteves, 36, conta que em 94 as crianças precisavam trabalhar dois dias para totalizar um pagamento de R$ 3. Os trabalhadores que moram na região levam água e marmita de casa e cortam uma quantidade de cana que lhes garante, em média, diárias de R$ 5. CGk) Texto Anterior: Juscelino Kubitschek, 16, perdeu a perna no serviço Próximo Texto: Câmara paga moradia de servidor estadual Índice |
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