São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 1995
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FHC diz que tarifas vão subir `aqui ou ali'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu ontem a possibilidade de novos aumentos de tarifas públicas, hoje em estudo pela equipe econômica.
As tarifas -como de combustíveis, energia elétrica, telecomunicações, serviços postais e transportes interestaduais- foram congeladas por 12 meses, já completados, no lançamento do Plano Real como uma das bases para o controle da inflação.
``É claro que, aqui ou ali, é possível haver um ajuste", disse FHC. ``Há setores que estão muito deprimidos", avaliou, referindo-se a estatais que perderam receita com o congelamento de seus preços.
Até então, os ministros da área econômica vinham negando a intenção de reajustar tarifas, apesar dos estudos na área técnica, das pressões das estatais e da expectativa no mercado.
As declarações foram dadas pela manhã, em Buenos Aires, à rádio CBN. Ao desembarcar em Brasília, às 13h40, FHC disse, por meio de sua assessoria, que o governo desmente ``categoricamente" a possibilidade de um ``tarifaço".
Traduzindo: não haverá, segundo FHC, uma elevação ampla e generalizada das tarifas -o que não exclui a possibilidade de mais reajustes localizados.
Há estudos, na área econômica do governo, para reajustes de tarifas postais, de telecomunicações e energia elétrica. Já foram reajustados, nas últimas semanas, gás de cozinha e álcool combustível.
O Ministério da Fazenda também autorizou, através de portaria, estudos para a revisão de tarifas de transportes interestaduais.
O aumento do álcool pago aos produtores, de 6%, foi autorizado na semana passada, mas sem repasse ao consumidor. A Petrobrás assumiu o prejuízo. O reajuste, porém, influirá no atacado e será captado pelos índices de inflação.
Além da inflação acumulada de 35% no primeiro ano do Real, as estatais também enfrentam problemas para manter as tarifas congeladas devido à alta do dólar promovida pelo governo.
Quase todas as estatais têm dívidas em dólar ou participação nas importações do país. A alta do dólar, que este ano subiu de R$ 0,844 para R$ 0,925, ou 9,6%, representa elevação no custo das empresas.
Apesar de conter a inflação no curto prazo, a defasagem de tarifas agrava o desequilíbrio das contas públicas -o que, mais à frente, se transforma em outro fator de pressão inflacionária.
FHC e os ministros da área econômica têm insistido as estatais têm que elevar sua produtividade para conter tarifas.

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