São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 1995
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Pequeno investidor deve ficar na poupança

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

As novas modalidades de aplicações do mercado financeiro -DRAs (Depósitos de Reaplicação Automática) trimestrais e CDBs de 120 dias- não devem atrair, este mês, o dinheiro hoje aplicado em cadernetas de poupança ou fundos de renda fixa.
O DRA também chamado pelo mercado financeiro de ``CDBzão" tem prazo mínimo de três meses e é remunerado pela TBA (Taxa Básica Financeira).
A TBA é calculada com base na média dos juros pagos nos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) pelos 30 maiores bancos do país.
A rentabilidade líquida (após o Imposto de Renda) do DRA foi, em média, apenas 0,08% ao mês (0,24% ao trimestre) superior à da estimativa para as cadernetas no mesmo período.
Não compensaria, portanto, abandonar uma aplicação que permite retiradas mensais com rendimento -como as cadernetas- para deixar o dinheiro ``parado" por três meses nos DRAs.
Além disso, em instituição oficial -como a Caixa Econômica Federal- a orientação do governo é de não se estabelecer valores mínimos para as cadernetas mensais.
Na semana passada, os valores mínimos para aplicações em DRAs trimestrais era, em média, de R$ 5.000, tendendo a R$ 50 mil a partir desta semana.
Maurício Abreu Murad, diretor do Banco Bamerindus, diz que os fundos de renda fixa propiciam, no momento, até melhor rentabilidade do que as novas modalidades de investimentos, como os DRAs e os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) de 120 dias.
Os CDBs de 120 dias e os DRAs são corrigidos pela Taxa Básica Financeira.
Segundo ele, os administradores de fundos podem conseguir no mercado -entre instituições financeiras- rentabilidade melhor do que a média dos CDBs (que é a base de cálculo da TBF).
Segundo Murad, o primeiro benefício dos fundos de renda fixa é a permissão de retiradas com rendimento a cada 28 dias, enquanto os DRAs possibilitam saques trimestrais com rentabilidade e os CDBs corrigidos pela TBF têm prazo mínimo de 120 dias.
Além disso, os fundos de renda fixa permitiam aplicações de valor médio de R$ 500, contra R$ 5.000 para os DRAs na semana passada.
O Bamerindus já oferece a seus clientes 19 tipos de fundos de investimento. O leque deve se ampliar com as mudanças que o governo estuda para os fundos de investimento, de forma a permitir maior liberdade para os administradores na gestão dos recursos.
Luis Largman e Sergio Bueno, diretores do Banco Patente, dizem que a disposição do governo é promover o gradual alongamento nos prazos das aplicações financeiras sem traumas ou ``quebra de contratos". A maior liberdade de gestão de investimentos permitirá criar fundos ``sob medida" para os clientes, dizem os diretores do Banco Patente.
Dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) mostram que o propósito do governo de alongamento de prazos das aplicações ainda está longe de ser alcançado. No período de janeiro a junho de 95, o maior crescimento no volume de aplicações (21,7%) ocorreu com os ``fundões", que permitem retiradas diárias com rendimento.

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