São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 1995
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Multinacionais chegam para disputar telecomunicações

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Começou a corrida do capital estrangeiro para disputar um espaço no mercado brasileiro de telecomunicações. A perspectiva de quebra imediata do monopólio estatal no setor desencadeou uma onda de associações entre grupos nacionais e estrangeiros.
A Bell Canada, maior grupo canadense de telecomunicação, chegou no mercado pelo segmento de TV a cabo. Ela fechou negócio para compra de 51% da Canbras Communication Corp, sócia de nove concessões na Grande São Paulo e Baixada Santista.
As ações da Canbras foram adquiridas pela Bell Canada International, subsidiária da Bell Canada Enterprise (BCE), que controla, entre outras, a Northern Telecom e fatura cerca de US$ 20 bi/ano.
O sócio local é o grupo Abril, da família Civita, que também está instalando TVs a cabo em São Paulo e Curitiba em parceria com o banco Chase Manhattan.
O grupo Bell Canada vai investir US$ 26 milhões nas TVs a cabo de São Bernardo, Santo André, Mogi das Cruzes, Santa Branca, Cubatão, São Vicente, Santos, Guarujá e Praia Grande.
As cabos começarão a ser instaladas em setembro e o custo total do projeto é de US$ 60 milhões.
Segundo informações do mercado, os canadenses estão em negociação com grupos locais para participar das futuras concorrências para telefonia celular privada.
Outra corporação de peso que está entrando no mercado brasileiro é a Comcast, uma das maiores empresas de telefonia e de TV a cabo dos Estados Unidos, que fatura US$ 3 bilhões por ano.
O presidente da divisão de celulares da Comcast, Donald Harris, estará em São Paulo, na próxima quarta-feira, para formalizar a associação com a MCom Telecomunicações no segmento de trunking, um tipo de telefonia celular voltada para comunicação interna de empresas de frotas.
A MCom é uma holding do empresário Antonio Dias Leite Neto e GP Investimentos (fundo de capital estrangeiro do banco Garantia), que controla uma das maiores empresas de TV a cabo do país: a Multicanal.
A associação da MCom com a Comcast visa apenas o serviço de trunking: ``Ao formalizarmos a parceria, estamos sinalizando que vamos entrar para valer neste mercado", diz Leite Neto.
O serviço de trunking é recente no Brasil -cerca de 10 mil usuários- mas, segundo Joel Simão, diretor da Airlink Comunicação Móvel Empresarial, estima-se que ele chegará a 10% do mercado de telefones celulares.
A Airlink é um outro exemplo de investimento estrangeiro. A empresa é controlada pela LCC americana, que em menos de dois anos conseguiu controlar 195 dos 420 canais de trunking existentes em São Paulo. Cada canal pode atender 100 usuários.
Pelas projeções do Sistema Telebrás, o Brasil chegará ao final de 1996 com 2,78 milhões de telefones celulares e ao final de 97, com 4,18 milhões.
Significaria, por esta projeção, que o mercado de trunking pode chegar a mais de 400 mil usuários nos próximos dois anos. Como o faturamento médio mensal por usuário é de US$ 80,00, significaria um mercado de cerca de US$ 400 milhões por ano já em 97.

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