São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Contribuição social pode diminuir 5,8%

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O projeto de reforma tributária negociado entre o governo e o Congresso prevê a redução de 5,8% das contribuições sociais pagas sobre as folhas de salários das empresas.
A proposta faz parte da proposta do presidente Fernando Henrique Cardoso de reduzir os custos de produção no país, o chamado ``custo Brasil".
A longo prazo, a possibilidade que o governo estuda para reduzir ainda mais os custos sobre a folha de salários atingiria o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) -para o qual as empresas contribuem com o equivalente a 8% do salário do empregado.
Atualmente, as empresas desembolsam 75%, em média, sobre os salários com encargos sociais e trabalhistas, segundo números do Ministério da Previdência.
Na contabilidade do empresariado, o custo desses encargos supera os salários pagos aos empregados. Oficialmente, o governo calcula que é de 60% o custo extra sobre a folha de salários.
O financiamento da Previdência Social e de entidades de serviço social e formação profissional consome um adicional de quase 28% sobre o pagamento dos salários: 20% vão para o pagamento de aposentadorias e pensões e 2%, em média, para o pagamento de seguro por acidente de trabalho.
A redução numa primeira etapa poderia incidir justamente na parcela de 5,8% que financia entidades como Sesi, Senai e Sesc e destina recursos para o salário-educação e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
A alternativa discutida pela comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a reforma tributária transfere uma parcela do custo sobre as folhas de salários para o consumo, por meio de um adicional sobre o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
``Poderíamos fazer o recolhimento diretamente sobre o consumo", afirmou o presidente da comissão, deputado Antônio Kandir (PSDB-SP).
``O contribuinte é quem acaba pagando, já que os empresários repassam tudo para os preços."
O deputado vê uma grande vantagem no deslocamento de uma parcela das contribuições sociais para o consumo: a redução dos custos de mão-de-obra.
``O objetivo é reduzir ao máximo o custo Brasil", afirmou Antônio Kandir.
No começo de agosto, o governo pretende anunciar a redução do Imposto de Renda (IR) para pessoas jurídicas, mais uma medida para diminuir o custo de produção das empresas.
Essa mudança seria incluída
no projeto de lei de reformulação do IR que está sendo preparado pela comissão presidida por Kandir, em conjunto com a Receita Federal.
A mudança nas contribuições sociais vem sendo discutida pelo governo desde o início do ano.
O ministro da Previdência, Reinhold Stephanes, chegou a sugerir a cobrança de uma nova contribuição sobre movimentações financeiras, mas a proposta foi descartada.
O Ministério da Previdência ainda defende o fim das contribuições para entidades de assistência social e aprendizagem profissional. Essa proposta encontra resistência no Congresso.
O novo modelo previsto para as contribuições sociais prevê mudanças na Constituição e seria implantado gradualmente.
``Estamos numa competição internacional e, por isso, temos que evitar ser diferentes do resto do mundo", afirmou Stephanes.

Texto Anterior: Produtores rurais vão discutir reivindicações
Próximo Texto: Destilaria no Maranhão será inspecionada
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.