São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 1995
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ONU ordena retirada de sérvios

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Conselho de Segurança da ONU determinou ontem a retirada das forças dos sérvios bósnios que tomaram o encrave muçulmano de Srebrenica, considerado área protegida pelas Nações Unidas.
Segundo despacho do conselho, principal órgão deliberativo da ONU, o secretário-geral Boutros Boutros-Ghali poderá usar "todos os meios necessários" para retomar o controle de Srebrenica.
O governo francês afirmou ontem estar disposto a usar a força, caso seja autorizado, para retomar Srebrenica (leia à página seguinte).
França, Reino Unido e Holanda integram a Força de Reação Rápida, grupo de 10 mil soldados aprovado pela ONU para proteger suas tropas, porém sem limite de atuação definido.
Ontem, mais oito soldados holandeses da ONU em Srebrenica foram tomados como reféns. Apesar dos ataques aéreos preventivos feitos pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) a pedido da ONU anteontem, já são 48 os holandeses detidos em seus quartéis no encrave.
As áreas protegidas foram determinadas em maio de 1993 pela ONU e visam proteger os civis muçulmanos dos ataques dos sérvios da Bósnia, que são contra a separação do país da Federação Iugoslava, liderada pela Sérvia.
A independência, declarada em 1992, foi comandada pelo governo muçulmano e a minoria croata.
Ontem, a zona de segurança de Zepa (leste da Bósnia) começou a ser bombardeada pelos sérvios bósnios. "Teremos que usar mais força para evitar a queda de Zepa", afirmou o porta-voz das forças de paz da ONU em Sarajevo, o tenente-coronel Gary Coward.
A ONU teme que a tomada de Srebrenica seja o princípio de uma campanha contra as outras cinco áreas protegidas na Bósnia.
Com a ofensiva dos sérvios bósnios anteontem, cerca de 30 mil refugiados muçulmanos saíram de Srebrenica. Eles passaram a noite na base da ONU em Potocari, 4 km ao norte do encrave.
Destes refugiados, 3.000 foram embarcados em ônibus por ordem do chefe militar dos sérvios bósnios, Ratko Mladic, para o reduto muçulmano de Kladanj (45 km a oeste de Srebrenica).
O líder dos sérvios bósnios, Radovan Karadzic, negou que a retirada seja uma "limpeza étnica".
Segundo o Alto Comissariado para Refugiados da ONU, um comboio com 23 toneladas de alimentos, roupas e remédios foi autorizado a entrar em Srebrenica.
Na capital bósnia, Sarajevo, pelo menos 5 pessoas morreram e 19 ficaram feridas devido à ação de franco-atiradores sérvios e ataques com granadas.

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