São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 1995
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Gestante ansiosa tem filho menos viril

FERNANDO ROSSETTI
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS (MA)

Grávidas ansiosas geram filhos menos masculinizados e com menor desejo sexual -isso, pelo menos em ratos.
A conclusão é de uma pesquisa feita por Maria Martha Bernardi, da Faculdade de Medicina Veterinária da USP (Universidade de São Paulo), apresentada ontem na 47ª Reunião Anual da SBPC.
Bernardi chega a aventar que a ansiedade e o estresse da mãe podem ser uma das causas do homossexualismo masculino -e que, por isso, não há sentido na discriminação dessa opção sexual.
A pesquisa consistiu em injetar, em ratas grávidas ou que estavam amamentando, uma substância que produz ansiedade, chamada picrotoxina.
Depois, o comportamento sexual e o organismo dos filhotes foram estudados.
Os ratos ``normais" (cuja mãe não recebeu a picrotoxina), levam, em média, 10,1 segundos para montar em uma fêmea fértil. Os outros levaram 25,2 segundos -mais que o dobro do tempo. ``Eles são menos motivados para montar", diz a pesquisadora.
A primeira introdução do pênis do rato normal na rata fértil leva 32 segundos; no rato do experimento, 100 segundos.
A primeira ejaculação também leva mais tempo: 712 segundos no normal e 901 no rato filho de mãe ansiosa.
Para explicar sua pesquisa, na conferência ``Desenvolvimento Animal, Estresse e Comportamento Sexual", Bernardi apresentou, inicialmente, alguns dados sobre a definição do comportamento sexual em mamíferos.
``O organismo tem várias fases de desenvolvimento antes de nascer. Há alguns períodos chamados críticos, como o da diferenciação dos órgãos no feto."
``São nessas fases críticas que produtos químicos, como drogas, podem produzir defeitos físicos, por exemplo", explicou.
Além dessas alterações físicas, podem ocorrer alterações funcionais -de comportamento-, já que o cérebro também tem sua fase crítica de formação.
``A conclusão", diz ela, é que há prejuízo no comportamento sexual do macho e também prejuízo hormonal e bioquímico de masculinização."
Por isso, ``temos que pensar que existe uma base neural para um comportamento (o homossexualismo) que não é tido como normal em nossa sociedade", afirma a pesquisadora.

Mais informações na Internet. O endereço da "FolhaWeb" é:
http://www.embratel.net.br/infoserv/agfolha/

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