São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 1995
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Ex-deputado envolve detetive em chacina

Larangeira depõe sobre Vigário Geral

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-deputado estadual Emir Larangeira disse ontem no 2º Tribunal do Júri que as armas usadas na chacina de Vigário Geral (zona norte do Rio) podem ter sido fornecidas pelo ex-detetive Luiz Sato, da Polícia Civil.
A chacina de Vigário Geral ocorreu em 29 de agosto de 93. Um grupo de encapuzados invadiu a favela e matou 21 pessoas.
Sato foi preso no final de 93 no Andaraí (zona norte), acusado de entregar armas e drogas a traficantes locais.
Na hora da prisão, ele guiava carro da 37ª Delegacia de Polícia (Ilha do Governador, zona norte) que estava carregado de armas e cocaína. Sato foi condenado e expulso da Polícia Civil.
Em depoimento à juíza Maria Lúcia Capiberibe, Larangeira disse que acusados pela matança lhe contaram que as armas e granadas usadas pelos assassinos teriam sido entregues por Sato.
Larangeira entregou à juíza fita cassete em que, segundo ele, o réu Amauri do Amaral Bernardes diria nomes de policiais e ex-policiais envolvidos na chacina.
O advogado de Bernardes, Wilson Siston, disse desconhecer o conteúdo da fita. Ele pediu à juíza que volte a interrogar seu cliente e criticou o ex-deputado. ``A família de meu cliente pode sofrer represálias", disse.
Coronel reformado da PM, Larangeira disse que apura a chacina por conta própria.
O processo o cita como chefe do grupo de extermínio ``Cavalos Corredores", formado por PMs que trabalharam sob seu comando no 9º Batalhão (Rocha Miranda, zona norte) em 89 e 90.
Larangeira creditou a ``razões políticas" a acusação de chefiar os exterminadores. Segundo ele, sua derrota nas eleições de 94 ocorreu devido à acusação de envolvimento com a chacina.
Larangeira disse que se lembra de ter trabalhado com 6 dos 33 réus iniciais. Ele reafirmou que 17 réus dizem ser inocentes.
Reinterrogados pela juíza, esses 17 acusados deram os nomes de 36 supostos participantes da chacina, dos quais 10 constavam na lista inicial.

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