São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 1995
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Covas quer intervir em presídio policial

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas afirmou ontem que poderá tirar das mãos da Polícia Civil o presídio especial onde ficam os policiais civis presos. O presídio passaria para o controle da Secretaria da Administração Penitenciária.
``Essa é uma providência possível", disse Covas. O governador afirmou que acha ``justa" a existência de um presídio exclusivos para policiais civis.
A Corregedoria da Polícia Civil abriu ontem sindicância administrativa para apurar a insubordinação de cerca de 300 policiais civis que desrespeitaram uma ordem do delegado-geral, Antônio Carlos de Castro Machado, para saírem da frente do presídio da Polícia Civil.
Os policiais civis estavam tentando impedir a remoção de seus colegas encarcerados no presídio para o COC (Centro de Observação Criminológica), conforme ordem do Tribunal de Justiça.
O presídio havia sido cercado pela PM. Os policiais civis abandonaram o serviço e cercaram o presídio aos gritos de ``ninguém vai para o COC".
A recusa de cumprir a ordem do delegado-geral aconteceu após a saída da tropa de choque da frente do presídio. Segundo o corregedor-geral da Polícia Civil, delegado Luis Roberto Ramada Spadafora, 54, não competia aos policiais rebelados tomar qualquer decisão.
O interventor nomeado para o Presídio Especial da Polícia Civil, Acrísio Soares, realizou ontem uma vistoria nas celas dos presos e apreendeu dois telefones celulares. Ele ainda solicitou a Telesp que corte a linha de dois orelhões que ficavam no pátio do presídio.
``Nós vamos seguir a Lei de Execuções Penais, eles não vão ter nenhum privilégio", disse. Segundo ele, a lei não especifica se presidiários podem ou não ter telefones à disposição. ``Mas se os presos comuns não têm, os ex-policiais também não vão ter", disse.
O interventor, que foi nomeado pela Secretaria da Segurança, afirmou também que vai afastar alguns funcionários do presídio que seriam ``incompetentes".
O secretário da Segurança, José Afonso da Silva, criticou ontem o desembargador Antônio Carlos Alves Braga, corregedor-geral do Tribunal de Justiça de São Paulo, que determinou o fechamento do presídio. ``O corregedor não me deu ciência prévia. Ele determinou a ação da PM", disse.
Anteontem, o secretário só foi avisado da ação quando a PM já cercava o presídio.
Ontem, a advogada do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil de São Paulo, Elina Rásia, afirmou que os policiais civis que foram ao presídio não tentaram impedir a transferência dos presos.

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