São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 1995
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Tentativa de extorsão; Cortadores de cana; Sexo; Cargos no Distrito Federal

Tentativa de extorsão
``Sobre a reportagem `Philip Morris denuncia tentativa de extorsão', comentando meu depoimento judicial, e carta de Marcio Thomaz Bastos publicada em 12/7, quero dizer que, embora réu, por suposto delito de interceptação telefônica, ao ser chamado a depor, esclareci e demonstrei os limites da minha atuação profissional, junto ao Poder Judiciário. O dr. Marcio Thomaz Bastos, ao contrário, pretendendo, como sempre, discutir por meio da imprensa, em longa carta, nada disse sobre os fatos e sua atuação profissional. Apenas esperneou sobre seu passado. Estou absolutamente tranquilo. Pronunciar-me-ei somente perante o Poder Judiciário e provarei que minha atuação foi escorreita, em cumprimento de uma ordem judicial e, sobretudo, dentro dos limites da ética profissional."
Cyro Kusano, advogado (São Paulo, SP)

``Muito grave o tratamento jornalístico dado à notícia de extorsão que envolveu o advogado Marcio Thomaz Bastos na Folha de 11/7. Sou testemunha da honestidade, lisura e dignidade do reconhecidamente competente advogado Marcio Thomaz Bastos, que frequentemente coloca seu escritório a serviço de pessoas vítimas de injustiça que não têm recursos para remunerá-lo pela sustentação das defesas jurídicas. O tratamento dado à notícia atinge injustamente um profissional respeitado, de raro comportamento ético e social."
Erminia Maricato (São Paulo, SP)

Cortadores de cana
``Tendo em vista a reportagem publicada em 10/7, sob o título `Comida é o salário de trabalhador no MA', devemos esclarecer alguns pontos. Todos os trabalhadores da Destilaria Caiman S.A. estão registrados, com a carteira de trabalho assinada, fato raro na região. Não há na empresa nenhum trabalhador que receba seu pagamento na forma de alimentação. Todos os cortadores de cana foram contratados por produção, respeitando-se o salário mínimo, conforme determina o registro na CTPS, além da legislação referente à matéria. Quanto a esse item, acrescentamos ainda que somente uma parte mínima dos quase 800 cortadores de cana ganha menos de R$ 160 por mês e que não houve qualquer promessa de adiantamento de R$ 100. Os valores pagos por metro de cana cortada são os mesmos pagos em todo o Brasil. Os empregados não são obrigados a se alimentarem na cantina da empresa, mas, por outro lado, a empresa fornece gratuitamente o café da manhã. Todos os cortadores de cana contratados em outros Estados têm garantida a volta à cidade de origem sem qualquer ônus, conforme estipulado no contrato de trabalho, assinado por todos. Se algum empregado voltou para a sua cidade de `carona', foi porque abandonou o emprego, não esperando o recebimento de suas verbas rescisórias. Quanto aos 74 trabalhadores do Rio Grande do Norte que haviam abandonado a plantação, todos eles foram levados de volta para Natal em transporte oferecido pela empresa. Quanto ao ex-funcionário Juscelino Kubitschek, que mereceu destaque na reportagem, afirmou a mesma repórter que este teve sua idade alterada para 18 anos pela empresa. Uma simples observação de sua certidão de nascimento seria suficiente para constatar que o mesmo tinha à época do acidente 18 anos e não 16."
Antônio Celso Izar, presidente da Destilaria Caiman S.A. (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Cris Gutkoski - A reportagem não afirmou que os trabalhadores da destilaria não têm carteira assinada nem que a empresa adulterou a idade de Juscelino Kubitschek em sua carteira de trabalho. A reportagem mostrava que o valor a ser pago a muitos trabalhadores não chegava a superar seus gastos com refeições e cantina. Dezenas de canavieiros contaram à Agência Folha que empreiteiros haviam prometido adiantamento de R$ 100 ou R$ 50 e não cumpriram. O próprio sr. Izar chegou a admitir que ``pode ter havido erro" dos empreiteiros. Sobre o transporte oferecido pela empresa aos funcionários demitidos, ler nota na seção Erramos.

Sexo
``Admiro muito o trabalho da Folha, mas gostaria de dar meu parecer a respeito da edição do Mais! sobre sexo, em que aparecem fotos de cenas de sexo muito fortes. Acho que há vários espaços em que melhor se encaixaria esse tipo de reportagem, como revistas e livros especializados no tema."
Rose Basso (Campinas, SP)

``Minha sobrinha de sete anos ainda não compreendeu a dificuldade dos adultos de responder à simples pergunta que fez sobre o que faziam os monges e as mulheres nas ilustrações da matéria `Sexo dá o que pensar'. Por sua vez, um sobrinho, de 13 anos, pergunta por que a Folha pode mostrar sem restrições `esses desenhos de sacanagem' para qualquer pessoa, de qualquer idade, enquanto a revista `Playboy' só pode ser vendida em invólucro plástico lacrado para maiores de 18 anos."
Izabel Burbridge (São Paulo, SP)

``O que devo responder a meu filho de cinco anos, que, apesar de não ser leitor da Folha, ao procurar o fascículo do Atlas perguntou-me o que significava o desenho da capa do caderno Mais! de 9 de julho?"
Carlos Alberto Bacha (Rio de Janeiro, RJ)

Cargos no Distrito Federal
``Com relação à reportagem `Parentes de petistas ganham cargos no DF' (24/6), no tocante ao capitão Luciano Buarque Barbosa, tenho que esclarecer: 1) o sr. Luciano Buarque Barbosa é capitão concursado do Quadro de Oficiais Combatentes da Polícia Militar do Distrito Federal há cerca de 16 anos; 2) A Casa Militar do Gabinete do governador apresenta um quadro orgânico, no qual há cargos de natureza militar que são preenchidos exclusivamente por oficiais e praças das corporações militares do DF para funções afetas a esta Casa Militar e estabelecidas em lei; 3) o preenchimento desses cargos é da exclusiva competência do titular da mesma; 4) para o preenchimento desses cargos, recorro às corporações militares, procedendo à requisição de militares (oficiais e praças) que satisfaçam aos interesses da administração e que sejam de minha estrita confiança; 5) logo após ter assumido a chefia da Casa Militar, ao compor nossa equipe de trabalho, não poderia esquecer o nome do capitão Buarque -com quem já havia trabalhado-, por preencher os requisitos de confiança, capacidade profissional e interesse pelo trabalho; 6) vale salientar que a presença do capitão Buarque na Casa Militar se deu por exclusiva responsabilidade minha, que o requisitei junto à Polícia Militar, em 12 de janeiro de 1995, e o exonerei em 12 de abril de 1995, a fim de que o mesmo tivesse oportunidade de ser matriculado no curso de aperfeiçoamento de oficiais, iniciado em 2 de maio de 1995 na Polícia Militar do Pernambuco."
Túlio Cabral Moreira, chefe da Casa Militar do GDF (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Lucio Vaz - O fato de o capitão ser servidor de carreira não elimina a hipótese de nepotismo. Os requisitos de ``confiança e capacidade profissional" sempre foram usados por administrações comandadas por outros partidos, como PFL e PMDB, para justificar a contratação de parentes.

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