São Paulo, sábado, 15 de julho de 1995 |
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São Paulo pode fechar convênio com EUA
FERNANDO ROSSETTI
O convênio com Harvard visa, principalmente, treinar mão-de-obra de alto nível para empresas de setores que estão em processo de privatização ou de concessão -como transportes e energia. ``O problema é que quando você privatiza uma empresa não há mão-de-obra especializada para administrar essas empresas", disse à Folha por telefone o secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Industrial do Estado de São Paulo, Emerson Kapaz. O convênio com o MIT, ainda em fase de elaboração, envolve as três universidades estaduais paulistas (USP, Unicamp e Unesp), empresas privadas, Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), e outros. Segundo Kapaz, o convênio com Harvard não envolve gastos do Estado e aproveita o conhecimento acumulado pela instituição norte-americana nessa área. Para o trabalho com o MIT será criado o Centro de Inovação Tecnológica de São Paulo (CIT-SP), que trabalhará com a Fapesp. ``O instituto tem um conhecimento imenso em colaboração universidade-empresa. O que estamos fazendo é uma capitalização do conhecimento internacional, sem, no entanto, perder nossa autonomia", disse o secretário. O convênio com o MIT está sendo planejado para durar sete anos, com uma fase inicial de dois anos. Qualquer dinheiro investido no Brasil terá uma contrapartida correspondente dos EUA. Segundo o responsável pelo convênio na USP, Guilherme Ary Plonski, a iniciativa envolve diversos tipos de cooperação. Podem ser pesquisas conjuntas, projetos de melhoria da pós-graduação, aprimoramento de currículos, intercâmbio de professores, projetos de educação continuada e aprimoramento de mecanismos de cooperação universidade-empresa. ``Vamos buscar recursos em conjunto para os projetos", disse Plonski, também por telefone. Crítica O convênio foi criticado pelo secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Décio Leal de Zagottis, ontem durante uma mesa-redonda na reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em São Luís (MA). ``Para as universidades estaduais paulistas um convênio desses pode ser muito bom. Mas, imagina o estrago que vai fazer no resto do sistema universitário brasileiro", afirmou Zagottis. Kapaz acredita que Zagottis esteja mal informado sobre os convênios. ``Eles trarão benefícios para todo o sistema universitário brasileiro", diz. Para Zagottis -que disse esperar ``que esse convênio não saia"-, a entrada das instituições estrangeiras ``vai ocupar o espaço das universidades federais". ``O problema sério não é tanto o da reserva de mercado para a universidade brasileira, mas o de que nenhuma universidade de um país ajuda outra a assumir a liderança tecnológica em qualquer área." Ele acredita que os dois institutos de pesquisa estejam interessados em vir para a América do Sul, ``porque nos EUA estão caindo os investimentos em ciência e tecnologia. Também acabou a guerra fria (entre o ocidente capitalista e a ex-URSS)" -que estimulava o financiamento de pesquisas na área bélica. Mais informações na Internet. O endereço da "FolhaWeb é: http://www.embratel.net.br/infoserv/agfolha/ Texto Anterior: Policiais são presos por roubo e extorsão Próximo Texto: SBPC supera expectativas Índice |
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