São Paulo, sábado, 15 de julho de 1995 |
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Mercado de capitais e Brasil
JOSÉ MONFORTE O retorno do Brasil ao mercado de capitais internacional deu-se em 1992. Neste período de aproximadamente quatro anos, alternaram-se momentos em que os ambientes interno e externo estiveram amplamente favoráveis à condução de operações (como, por exemplo, no 3º trimestre de 1994) com outros, onde ora a situação interna, ora a situação externa, determinaram ambiente extremamente adverso para o acesso brasileiro a essa fonte de recursos.Vale destacar, porém, que a respeito das adversidades encontradas nesse período, não houve na história da interação entre o Brasil e os mercados de capitais internacionais período tão rico como esse. Por qualquer medida que se utilize, seja o volume de operações, ou a variedade de instrumentos, ou os prazos, custos, amplitude da distribuição, por qualquer parâmetro se conclui que o Brasil se serviu do mercado de forma bastante eficiente. E foi também bastante receptivo às nossas emissões. O ano mais importante destes quatro foi o de 1993 -recorde em número de operações realizadas e bastante significativo no avanço relativo às estruturas das operações. O Brasil utilizou um espectro bastante amplo de instrumentos que passaram por bônus simples, com ``warrants", ações e outros. Isto ocorreu em função da percepção que se foi desenvolvendo de um Brasil que consolidava as suas instituições políticas e mostrava disposição em avançar com suas reformas modernizadoras. O cenário de desenvolvimento favorável foi abruptamente interrompido pela crise mexicana que se iniciou em dezembro de 94. A partir daí, e durante os quatro meses seguintes, os mercados permaneceram fechados para os tomadores brasileiros. Nessa ocasião, a previsão era a de que os investidores passariam a segmentar os mercados emergentes. Essa segmentação provavelmente se iniciaria com a separação dos países asiáticos do resto do bloco. A seguir, previa-se que, caso o Brasil continuasse a mostrar avanços consistentes no seu programa de estabilização e modernização econômica, haveria chance de também se destacar do restante da América Latina e passar a ter acesso ao mercado no início do segundo semestre. A percepção desse destaque seria, sem dúvida, um evento que levaria algum tempo para ocorrer. A nosso juízo, é o momento que estamos vivendo agora, com antecipação de alguns meses. Passou a ser possível aos tomadores brasileiros captar recursos através da emissão de títulos nos mercados internacionais, em condições hoje não disponíveis para outros países latino-americanos, à exceção do Chile. Essas condições, porém, são ainda bem menos favoráveis do que aquelas que prevaleciam quando o mercado parou. É assim que o pêndulo oscila. As condições favoráveis, como se verificou em outros momentos, evoluirão positivamente à medida que o investidor retomar o mesmo nível de confiança com o risco que prevalece a cada momento. Assim também acontecerá com as características dos instrumentos utilizados para captação. Cremos que as emissões industriais sucederão as emissões de bônus de instituições financeiras, e além disso surgirão operações com componentes mais fortes de risco, sendo eles híbridos, ações ou outros. Texto Anterior: A crise de identidade do socialismo Próximo Texto: Rubin defende ajuda dos EUA ao México Índice |
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