São Paulo, sábado, 15 de julho de 1995
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Divisão dos quartos revela `amigos à força' na seleção

CBF quer jogadores se patrulhando em quartos duplos

FERNANDO RODRIGUES; MÁRIO MAGALHÃES
DOS ENVIADOS A RIVERA

Os 22 jogadores da seleção enfrentam um constrangimento logo que se apresentam. São obrigados a ficar em quartos duplos na concentração.
Amigos à força, as duplas de jogadores são decididas arbitrariamente pelo supervisor da seleção, Américo Faria.
A Folha obteve uma lista com a divisão dos quartos dos jogadores. É a mesma que foi usada em Teresópolis (RJ) e será mantida em todos os hotéis nesta Copa América.
Para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a colocação dos jogadores em quartos duplos serve para que os atletas patrulhem uns aos outros durante a competição.
O caso mais notório é o de Dunga, tido como o linha-dura do grupo. Na Copa do Mundo, no ano passado, seu companheiro de quarto foi Romário. Agora, é Edmundo.
Em outros casos, a CBF procura evitar o clima de competição forçando o contato.
Por exemplo, os zagueiros Ronaldão e André Cruz disputam a posição nos treinos e dormem no mesmo quarto. A situação é a mesma com os goleiros reservas Dida e Danrlei.
Os jogadores parecem acostumados com a rigidez do sistema de concentração. Chegam, inclusive, a se divertir.
``O Taffarel é um palhaço: acorda jogando o travesseiro em mim", diz Aldair, colega de quarto do goleiro titular.
Ele foge das suas características de jogador circunspecto para pedir uma maldade: ``Olha, o Taffarel não ronca, mas coloca aí que ele ronca".
O lateral Roberto Carlos tem história. ``O Narciso me acordou outro dia. Dormindo, gritou: `Deixa essa porra aí, caramba!' Fiquei apavorado."
Sávio, que ouvia Roberto Carlos contar sua história, disse, sarcástico: ``Já pensou se fosse o Ronaldão e ele fosse para cima da sua cama?".
Narciso, zagueiro reserva companheiro de Roberto Carlos, nega a história. ``É mentira dele. Ele é que tem de explicar como consegue dormir sentado na cama", disse.
Habituados ao regime fechado, os jogadores passam a maior parte do tempo nos quartos. Alguns, como o goleiro Dida, nem sequer trouxeram roupas que não as de treino.
Quem lucra é o hotel. ``Olha só, assim não dá", reclama Beto. É que ele gastou US$ 190 em ligações à namorada em 13 dias.
(FR e MM)

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