São Paulo, domingo, 16 de julho de 1995
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Prefeito não paga funcionários há 14 meses

ADELSON BARBOSA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VENTURA (PB)

Os 630 funcionários da Prefeitura de Boa Ventura (427 km a oeste de João Pessoa) não recebem há 14 meses. O último salário pago foi referente ao mês de maio de 1994, ainda em cruzeiro real.
Apenas o prefeito, Antonio Alvarenga (PMDB), 60, o vice-prefeito e os 11 vereadores recebem seus salários.
Alvarenga recebe 3% dos R$ 80 mil que o município ganha do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), liberado mensalmente pelo governo federal. No mês passado ele recebeu R$ 2.400.
Cada vereador recebeu R$ 390 em junho, com 20 dias de atraso. Alvarenga tem maioria na Câmara. Dos 11 vereadores, sete o apóiam.
Alvarenga afirmou que não paga os salários porque a prefeitura não tem dinheiro. Ele disse que há um ano investe tudo que recebe do FPM no pagamento de dívidas deixadas por outros prefeitos.
Segundo Alvarenga, o dinheiro da prefeitura só dá para pagar o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), o Pasep (Programa de Assistência ao Servidor Público), a Telpa (Telecomunicações da Paraíba) e as ações trabalhistas.
Parte das dívidas do município foram feitas pelo próprio Alvarenga, que está no cargo de prefeito pela terceira vez. Ele afirmou que, ao iniciar a atual gestão, teve que definir algumas prioridades, como colocar em dia os salários dos vereadores (atrasados em dois meses) e consertar um caminhão, um trator e a ambulância da prefeitura.
Afirmou que os salários começaram a atrasar quando ele teve que parcelar e pagar débitos com órgãos do governo federal.
``Para se ter uma idéia, pago R$ 19.800 só ao INSS. O resto do dinheiro é para pagar outras dívidas e os vereadores", disse. Segundo ele, o que sobra dos recursos é aplicado na construção de um ``moderno" mercado público.
Sessenta funcionários entraram na Justiça do Trabalho contra a prefeitura. Eles dizem que foram demitidos por serem de oposição.
A vereadora Ivete Arruda (sem partido), 35, disse que os funcionários ficam no emprego mesmo sem salário para contabilizar tempo de serviço para a aposentadoria.
Alvarenga disse que pretende fazer um empréstimo de R$ 140 mil em um banco do Ceará para pagar os funcionários. ``Não sei quando, mas vou pagar", disse.

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