São Paulo, domingo, 16 de julho de 1995
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Dirigentes sindicais escapam de dívidas

CRISTIANE PERINI LUCCHESI

``Tenho cerca de R$ 3.000 aplicados nessa tal de poupança diária. O pessoal do banco mesmo já faz o investimento", disse Guiba.
Com 49 anos, Guiba diz que só pode agradecer a vida que tem.
Ganha R$ 1.600 por mês líquidos da Ford, mais ajuda de custo de R$ 100 do sindicato onde trabalha. Tem um apartamento com três quartos em São Caetano do Sul ``que eu comprei financiado antes de entrar no sindicato, depois de vender uma casa adquirida com dinheiro da loteria", destaca.
Possui ainda um Gol 94 Plus e um apartamento na Praia Grande, ``também adquirido antes de eu participar do sindicato".
Sua mulher, Elizabeth, é dona de casa, mas os dois filhos, já crescidos, trabalham e ganham o suficiente para pagar seus estudos.
``Não devo nada a ninguém", afirma, satisfeito, Guiba.
O mesmo não acontece com Enilson Simões de Moura, o Alemão, 45, secretário-geral da Força Sindical.
Ele diz ter hoje uma dívida de R$ 20 mil rodando no cheque especial. ``Venho rolando essa dívida há mais de dois e usando todas as formas disponíveis no mercado paralelo de financiamento", afirma o dirigente sindical.
Segundo ele, a dívida foi decorrente da compra de sua casa própria, em São Bernardo do Campo. ``Eu só posso pedir para o presidente Fernando Henrique Cardoso baixar os juros o mais rápido possível", disse.
Com um terreno em Peruíbe, litoral sul de São Paulo, e um jipe 74, Alemão ganha R$ 2.200 líquidos da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo). Sua mulher, Meirice de Moura, é professora primária e ganha R$ 300 por mês.
``Temos dois filhos e a coisa não é fácil", diz Alemão.
Para comprar móveis para seu apartamento, Alemão chegou a fazer crediário. ``Mas essas prestações nós estamos pagando em dia."
Segundo ele, ``é impossível fazer qualquer investimento pois não sobra nada no final do mês".
Com ``três famílias para sustentar", segundo Guiba, o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, ainda consegue ter ``uma poupancinha".
Vicentinho tem R$ 1.700 em uma conta de caderneta de poupança, para uso próprio e para ajudar familiares.
Quando trabalha na Mercedes-Benz, o que tem feito esporadicamente desde novembro do ano passado, ganha por dia. Com esse dinheiro, abriu uma outra caderneta de poupança.
Católico, no final do ano pretende doar os recursos dessa segunda conta para a Legião da Boa Vontade. ``Quero ajudar as crianças carentes. Escolhi este ano a Legião da Boa Vontade", explica.

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