São Paulo, domingo, 16 de julho de 1995
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Paulinho deixa a mulher cuidar do dinheiro de casa

O que sobra antes das despesas fica num fundo da CEF

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Elza de Fátima Costa, mulher do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, há nove anos, é quem cuida do orçamento familiar.
``Se o dinheiro ficasse comigo, eu acabava dando tudo para os amigos que precisam", diz Paulinho, também diretor da Força Sindical.
Ele ganha R$ 2.143,11 do sindicato por mês. Desse total, 25% vão para a ex-mulher e os dois filhos do primeiro casamento.
Elza, que tem uma filha com Paulinho, recebe do sindicato cerca de R$ 1.100 por mês.
``A gente gasta tudo", diz Paulinho. Mas, enquanto não gasta, o dinheiro fica aplicado em um fundo de renda fixa de curto prazo da Caixa Econômica Federal. Paulinho nem sabia disso e precisou consultar a mulher antes de informar a Folha.
O dirigente sindical não tem carro, mas faz uso pessoal de um dos automóveis do sindicato.
Possui uma chácara com 3.000 metros quadrados de área em Piraju, no interior de São Paulo. A casa da chácara tem três quartos. ``Acabo gastando muito dinheiro lá", afirma.
Além de pagar com a escola particular da filha e o transporte para a escola, Paulinho reclama de estar pagando R$ 600 este mês de Imposto de Renda, já que o seu não é retido na fonte.
Vai ter de pagar, ao todo, quatro prestações corrigidas pela Ufir.
Mas comenta, feliz, que chegou a receber R$ 1.500 por uma palestra que fez na Souza Cruz este ano. ``Geralmente não ganho nada, mas essa ajudou bastante", diz o líder sindical.
Segundo ele, no entanto, há uma discussão no sindicato para que metade do dinheiro com palestras dos dirigentes seja doada à entidade. ``É o poder do sindicato que projeta a gente", diz.
Paulinho diz que acabou de construir sua casa em São Paulo, na Freguesia do Ó, bairro da zona norte, este ano e agora, sem gastos com ``pedreiro", está ``mais folgado".
Mas, preocupado com a imagem, não quer comprar nada mais. ``Se um líder sindical começa a acumular patrimônio, falam que a gente está roubando dinheiro da categoria. Hoje, tenho o que qualquer metalúrgico pode comprar", diz Paulinho.
Seus planos para o futuro incluem muitas viagens. ``Quero conhecer o Nordeste inteiro", afirma ele.
Nos finais de semana, a família sempre almoça fora. ``Quero continuar gastando com comida pois já passei muita fome na vida", diz Paulinho.
(CPL)

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