São Paulo, domingo, 16 de julho de 1995
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Um apelo por respeito ao profissionalismo

TELÊ SANTANA

Coloquei o meu cargo à disposição da diretoria do São Paulo na semana passada porque não gostaria de continuar em um clube em que meu trabalho não fosse mais apreciado.
Como os diretores garantiram que nunca pensaram na minha saída, decidi ficar. Mas nunca me apeguei a nenhum cargo e, se eles mudarem de idéia, não haverá problema.
Faço contratos verbais exatamente para facilitar o meu desligamento dos clubes quando uma das partes acha que esse é o melhor caminho.
Quando vim para o São Paulo, em 90, pretendia ficar só dois meses. Mas a diretoria me pediu que continuasse e aceitei.
Não me arrependo, porque talvez tenham sido os melhores anos da minha carreira. Além de conquistar títulos, fui regiamente pago e nunca me faltou nada para trabalhar.
Não estou magoado com os torcedores que pediram a minha saída. Sei que o torcedor é passional e quer ver o time vencendo sempre. Os são-paulinos se habituaram a ganhar.
Infelizmente, neste ano, não conseguimos armar uma equipe como a que já tivemos, mesmo contratando alguns jogadores. Isso ocorreu por deficiências nossas.
No início da minha passagem pelo clube, reuni os chefes de torcida e só pedi para me respeitarem como pessoa. Desde então, nunca tive problemas com torcedores. Pelo contrário: fui sempre ovacionado.
Mas também não quero viver do passado. Não é porque ganhamos títulos que o São Paulo tem a obrigação de me manter.
Não sei como a torcida vai se portar daqui em diante. Se ela quiser a minha saída, não ficarei mais no clube, mesmo que a diretoria insista.
Peço respeito a ela não pelas vitórias, mas por ser um profissional correto, de quase 64 anos, que tem mulher, filhos e netos que já entendem tudo.
Mudando de assunto, a seleção começou meio devagar na Copa América, mas melhora jogo a jogo. Contra a Colômbia, o Brasil deslanchou.
O time pegou mais confiança, até pela certeza de já estar classificado. Tudo isso dá ao jogador tranquilidade para se desenvolver sem aquela tensão nervosa de ter que ganhar.
O Brasil tem chance de ser campeão. Só o Uruguai, que atua em casa, e a Argentina, pelos bons jogadores que possui, estão à nossa altura.
Até pela rivalidade, a partida de amanhã contra os argentinos deverá ser muito difícil.
Dentre as outras equipes, nenhuma tem se destacado. A própria Colômbia está em nível bem inferior ao da preparação para a Copa de 94.

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