São Paulo, domingo, 16 de julho de 1995
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Jogo entre Brasil e Argentina é prematuro

ALBERTO HELENA JR.
ENVIADO ESPECIAL A RIVERA

O futebol não aceita desaforo, costuma cobrar caro pela soberba. Que o digam os argentinos, nossos adversários de amanhã. ``Taconearan" diante dos americanos e levaram uma tunda de 3 a 0, resultado que mudou as feições das quartas-de-final desta Copa América.
Sim, pois ninguém em seu juízo normal esperaria tão cedo o encontro entre brasileiros e argentinos, dois dos três favoritos à conquista do título. Muito menos os argentinos, que vinham caminhando pelo certame com o narizinho empinado, semeando o medo nos futuros adversários pelas vitórias que iam colhendo por onde passavam.
Então, do alto de seus saltos agulhas, o técnico Daniel Passarella resolveu poupar titulares contra os EUA. Acabou tendo que recorrer a vários no desespero da humilhação irreversível.
E é aqui que fico: como atuará sobre nossos orgulhosos rivais mais esta tragédia na história recente do futebol argentino, que, nas eliminatórias, teve de amargar aquela estrondosa goleada impingida pelos colombianos?
Pode cair como um raio, desintegrando a frágil unidade de um grupo que não prima pela humildade. Mas pode também ter efeito contrário, soldando o que resta da dignidade ferida, o que nos poria, amanhã, diante de um inimigo inexpugnável.
Tenho certeza de que Zagallo gostaria de, pelo menos, ter mais um jogo para eliminar suas dúvidas e dar ainda mais harmonia a sua equipe antes de cruzar com os históricos e malfadados rivais. Mas, se o destino não quis assim... que ``venga el toro"!

Outro exemplo de que o futebol não admite desfeitas está na decisão aí do Paulistão (ou seria Paulistinha?). Se a dúvida era São Paulo ou Palmeiras, a resposta, ao cair desta noite, poderá ser Mogi. Sobretudo, porque o clássico não pode terminar empatado; mas São Paulo e Palmeiras não fazem outra coisa, ultimamente, senão empatar entre si.
O Palestra tem mais time, embora se ressinta demais da ausência de Roberto Carlos, hoje um dos três mais importantes jogadores do futebol brasileiro. Vejam que não me referi a ele como mero lateral, mas como jogador, o que lhe confere maior amplitude. Acontece que todo o setor ofensivo e, por extensão, a meia-cancha foram remontados outro dia. E futebol, já dizia o velho Acácio, é conjunto.
Não apenas pela vitória magra, obtida no finalzinho do jogo, mas pela exibição de primeira diante de um adversário reconhecidamente duro na marcação e que, num determinado momento da temporada, chegou a ser considerado o time mais equilibrado do Brasil.
Talvez seja tarde demais para o tricolor de Telê e ainda cedo para o novo Palmeiras de Carlos Alberto, mas algo me diz que, na pior das hipóteses, ambos darão um belo espetáculo esta tarde. Como uma chave de ouro, a ser entregue ao modesto Mogi de Pedro Rocha: a chave que abre as portas da decisão final.

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